Um capítulo crucial sobre a história da mente humana está
cristalizado para sempre no trágico episódio que teve início no IX Colóquio de
Ultra-Ciência em Estocolmo, quando o Prof. Georges Landsfeld fez uma palestra
com um corrosivo ataque às ciências ocultas, em especial à bruxaria, que ele
descartou sarcasticamente como “uma subcultura de fantasias eróticas para
mulheres feias”. Aberta a palavra ao
público, ergueu-se uma dama da platéia que verberou energicamente o
palestrante, qualificando-o de “machista”, “carente de bibliografia” e
“impostor” (questionando a legitimidade do doutorado obtido por Landsfeld em
Oxford). Pessoas presentes a reconheceram como uma tal Mme. Gauthier, de Paris,
cultivadora das ciências ocultas e da magia ritual. Seguiu-se um acalorado debate entre os dois,
que logo degenerou em ofensas pessoais por parte do professor, sendo a
conferência encerrada sob certo tumulto. Mme. Gauthier retirou-se (segundo
testemunhas) dizendo que “aquilo não iria ficar assim”.
Meses depois, começaram a circular nos fóruns da web
notícias de que Landsfeld estava sofrendo de uma rara doença neurológica, de
evolução muito rápida. Tratamentos de urgência conseguiram retardar o avanço do
mal. Após semanas de insuportável
tensão, a família e os colegas de Landsfeld o aconselharam timidamente a
desculpar-se junto a Mme. Gauthier. Ele recusou-se, afirmando: “Esta doença
nada tem a ver com as ameaças dela”. Procurada em segredo por colegas do
professor, Mme. Gauthier minimizou o episódio, dizendo com sarcasmo: “Se ele
diz que a culpa não é minha, quem sou eu para discutir com um PhD”.
O estado de saúde de Landsfeld agravou-se. Seus editores
assinaram um vultoso contrato de publicação para quatro manuscritos inéditos de
Mme. Gauthier, na tentativa de apaziguá-la. Ela continuou a negar qualquer
envolvimento com o caso. Num jantar discretamente arranjado em Londres, com a
esposa e o filho do professor, ela afirmou: “Feitiços desse porte só funcionam
se a vítima pretendida acreditar em sua eficácia. Não é o caso do Prof. Landsfeld,
visivelmente. Tudo indica que ele está
sofrendo de um mal a que qualquer um de nós está sujeito. Mas, se for feitiço e
ele admitir que acredita, a pessoa que lhe causou este mal talvez possa, com a
ajuda dele, reverter os efeitos”. Limpando os lábios com um guardanapo
imaculadamente branco, ela sorriu: “Mas eu conheço os intelectuais como seu
marido, Mrs. Landsfeld. Eles preferem morrer a confessar que estavam errados”.
Landsfeld morreu quinze dias depois, dizendo: “Que ignorância, que absurdo,
bruxaria não existe! Tenho dois tios e uma prima que morreram dessa mesma
doença!...”
Este conto me fez lembrar do ótimo filme B "Curse of the demon", este aqui:
ResponderExcluirhttp://cinespacemonster.blogspot.com.br/2011/06/night-of-demon-aka-curse-of-demon-1957.html
que o Sam Raimi plagiou em Arraste-me para o Inferno.
à Blackwood's?
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