Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
sábado, 31 de março de 2012
2832) Proibido dinossauro (31.3.2012)
Como se sabe, hoje existe uma batalha cerrada sobre a criação do mundo e da humanidade.
De um lado, estão os Evolucionistas, os que, com Darwin e a ciência, acham que o Homem é uma espécie animal como as outras, que evoluiu através de milhões de anos. (A fórmula popular “o homem veio do macaco” é uma simplificação inexata e grosseira do que Darwin afirmou.)
Do outro lado, estão os Criacionistas, para os quais Deus criou o mundo e a humanidade já prontos, há poucos milhares de anos. Para estes, as provas geológicas, astronômicas e físicas de que a Terra é muito mais antiga são falsificações ou equívocos.
Acontece que nos EUA, que já foi o país da liberdade de expressão, está cada vez mais difícil ir de encontro aos Criacionistas. A CBS de Nova York informou (http://cbsloc.al/GTdyzT) que nas provas do Departamento de Educação da cidade estão sendo proibidas palavras que possam incomodar a sensibilidade de estudantes de determinadas crenças.
“Halloween” não pode ser mencionado porque sugere paganismo; “dinossauro” também está proibido porque lembra a Teoria da Evolução, e os partidários do Criacionismo podem se sentir ofendidos; “aniversário” (“birthday”) também está proibido, porque as Testemunhas de Jeová não comemoram aniversários e também poderiam se sentir desconfortáveis vendo essa palavra escrita numa prova.
Tem mais. Outras palavras cujo banimento nos exames públicos está sendo estudado: álcool, armas nucleares, câncer, desemprego, divórcio, parapsicologia, pobreza, pornografia, religião, sexo, terrorismo...
A lei não escrita que rege essas proibições é: coisas desagradáveis não devem ser ditas em voz alta, e principalmente não devem ser lembradas num exame público. Os argumentos contra essas palavras são cheios de atitudes defensivas, “não-me-toques”. Elas podem desagradar os estudantes, fazer com que se sintam incomodados, desconfortáveis, ofendidos. Parece haver da parte dessas autoridades um medo de ofender pessoas que são muito delicadas, têm sentimentos muito frágeis, precisam ser protegidas...
Quer saber de uma coisa? Não é bem assim não.
O que as autoridades não querem é pisar no rabo do leão, catucar a onça com vara curta. Sabem que a cada ano avoluma-se uma Presença Ameaçadora no país, uma vasta comunidade de criaturas sorridentes e implacáveis capazes de destruir quem quer que seja em nome de fazer-lhes o Bem.
Destruirão opiniões, pontos de vista, idéias; destruirão tudo que não reze pelos seus mandamentos. Os norte-americanos laicos vivem numa casa tomada. Convém pisar de leve, falar sussurrando, omitir as palavras tabus que fazem a Naja erguer a cabeça e abrir os olhos.
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ResponderExcluirÉ um falso moralismo tão grande que dá nojo. Você nota muito bem isso em reunião de familia, e o modo como quase todo mundo quer ser o mais higiênico do que o outro. Outro fato ( não que eu acho ruim) é o conceito de cidadania: voto cidadão, pedagogia cidadã, trabalhador cidadão, novela cidadã, internet cidadã, literatura cidadã, e tantos outros que puder colocar. Até parece que é um tratamento ludovico.
ResponderExcluirVeja o Larte, ele faz o que quiser, e depois usa o suposto "preconceito" contra ele para se legitimar. A folha De SP é o exemplo típico desse pseudo-respeito 'as diferenças.
ResponderExcluirSobre criacionismo, não confundir com design inteligente, como muitos ignóbeis de nossa genial impressa confundem