Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
2715) Uma doença nova (16.11.2011)
O mundo anda muito louco, só está faltando sair num jornal da Austrália que Philip Buckley, um fazendeiro lá do “outback”, adquiriu uma estranha doença mental. Ele pronuncia duas vezes seguidas cada frase completa que diz, e parece não ter consciência disto. Por mais que os médicos comentem e façam perguntas a respeito ele parece não entender o que estão lhe perguntando e muda de assunto, dizendo algo como “ Pois é, pois é, ando muito cansado, ando muito cansado, aquele chá me dá sono, aquele chá me dá sono, boa noite, boa noite”.
Ou então o vigilante noturno de uma estação de trem na Sérvia, Piotr Danilovic. Ele sofre de um desequilíbrio aleatório no eixo visual. Durante uma conversa normal ele de repente começa a girar o torso como se o interlocutor estivesse caminhando à sua volta e ele quisesse ficar sempre de frente; e ao mesmo tempo seu corpo da cintura para baixo fica imóvel, o que faz o corpo parecer um parafuso. A maioria das pessoas dá a volta para poder falar com ele de frente, o que o faz girar de novo. Às vezes chega a ficar assim por meia hora, e conversando normalmente, fumando um cigarro, descontraidamente, como se nada excepcional estivesse acontecendo.
Suponhamos, também, a existência de Rosa d’Amico, uma dona de casa numa vila da Itália atingida por uma inundação. A enxurrada arrastou todos os móveis e pertences que havia na sua casa, entrando pela porta da frente e saindo pela dos fundos. Depois que a água baixou, contudo, ela voltou para casa e continuou movimentando-se normalmente, como se cozinhasse, arrumasse, dormisse, etc., mesmo com a casa sem móveis e toda enlameada. Move as mãos como se estivesse manipulando os objetos costumeiros. Os vizinhos a retiram, e ela dá um jeito de voltar, protestando.
Aqui no Brasil não poderia deixar de ser o caso de um adolescente de boa família, de Copacabana, que tem o hábito de entrar por uma porta qualquer se vir que está aberta. Entra nos apartamentos do seu prédio, em lojas, em residências. Se entra numa residência senta na sala, puxa uma revista da mochila e fica lendo. Quando as pessoas o enxotam, ele pede desculpa, sai, e entra na próxima porta aberta que encontra. Assim como os outros, não fala a respeito com os médicos; no máximo diz que não pretendia incomodar ninguém, estava apenas querendo sentar um pouco, ou fugir da chuva, etc. Quando os pais lhe perguntam de onde veio essa mania esquisita, ele responde apenas: “Eu não me acho mais esquisito do que a maioria das pessoas. Eu sou normal. Todo mundo é normal. Todo mundo é esquisito. Estou aqui na casa de vocês há quinze anos e vocês ainda não chamaram a polícia”.
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