Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
domingo, 6 de novembro de 2011
2707) O ponto e o asterisco (6.11.2011)
Sugiro ao leitor que espere anoitecer (caso esteja lendo isto durante o dia) e saia ao ar livre. Se for uma noite limpa e sem nuvens, verá o céu estrelado. Este céu que há milhares de anos serve de inspiração aos artistas e de desafio aos cientistas... aquela lenga-lenga toda. Todos nós já vimos e admiramos um céu estrelado. Todos sabemos que quando estamos admirando as estrelas com uma moça bonita do lado, basta uma conversa bem encaixada para que as coisas se encaminhem a nosso favor. As estrelas são mágicas.
O que pergunto ao leitor é o seguinte: quando você vê uma estrela, que formato tem ela? Um ponto ou um asterisco? Lembre que a imagem tradicional da estrela, rabiscada a lápis ou gravada num monumento da antiguidade, é de uma espécie de asterisco, algo assim: “*”, uma porção de raios divergentes que se espalham em todas as direções a partir do centro. É assim que as estrelas vêm sendo reproduzidas graficamente desde que o mundo é mundo. Dessa imagem inicial surgiu a estrela do xerife, a estrela de cinco pontas (ou pentaclo) dos magos, a estrela de Davi (de seis pontas), etc.
Para mim isto sempre pareceu natural, porque até os dezenove anos eu olhava para o céu noturno e o via coberto de asteriscos faiscantes. O problema é que quando comecei a usar óculos essa imagem mudou. As estrelas viraram prosaicos pontinhos, de uma nitidez perturbadora, e sem um raio sequer! Vistas com as lentes que corrigiam minha miopia, ficaram mais nítidas, mas graficamente mais pobres. (De vez em quando, quando o céu está bonito, tiro os óculos para ficar míope de novo e curtir melhor aquela beleza).
Duas teorias. Primeira: os antigos eram míopes, e viam as estrelas não em forma de pontos, mas de asteriscos, e as reproduziam assim nas cavernas, nos monumentos, nas “estelas” de pedra esculpida. Uma boa questão oftalmológica: como eram as condições de visão dos homens da antiguidade? Segunda teoria: mesmo quando eles enxergavam as estrelas como pontinhos nítidos, porque tinham visão normal, aceitavam e reproduziam o formato de asterisco proposto pelos míopes. Por que? Porque a imagem do asterisco é graficamente mais rica (tem mais informação visual) do que a imagem de um ponto. Se você desenha um asterisco numa folha de papel e pergunta o que é, muita gente vai dizer que é uma estrela. Se desenha um ponto, poucas pessoas dirão o mesmo. Embora seja uma imagem mais fiel ao modo como um olho normal vê uma estrela, o ponto é uma imagem mais vaga, mais parecida com qualquer coisa, menos específica. Os míopes, somente os míopes, veem a estrela artística; os outros veem a estrela científica e nada mais.
somente os míopes, veem a estrela artística; os outros veem a estrela científica e nada mais.
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ri muito com esse poestagem hehehehe
vou dizer uma coisa: pense num blog atualizado hehehe o cara pisca o olho e já tem mais duas postagens aqui hehehee