sexta-feira, 23 de setembro de 2011

2669) Romero Cavalcanti (23.9.2011)



(recorte de Romero Cavalcanti)


Há artistas paraibanos que são famosos na Paraíba e desconhecidos no resto do Brasil. Romero Cavalcanti, pelo contrário, é famoso no Brasil e quase desconhecido na Paraíba. Explica-se pelo fato de que, tendo nascido em Itabaiana e estudado na capital, ele foi muito cedo para o Rio de Janeiro, onde construiu uma carreira de artista plástico, artista gráfico, ilustrador, capista de livros e discos, criador de cartazes e de programações visuais. As técnicas e os meios são os mais variados: óleo, bico de pena, desenho, objetos, colagem, aerógrafo, etc.

Fizemos muitos trabalhos juntos até agora, mas o mais importante talvez seja a série de capas e ilustrações que Romero produziu para minhas antologias de contos fantásticos lançados pela Casa da Palavra: Páginas de Sombra (2003), Contos fantásticos no labirinto de Borges (2005), Freud e o Estranho (2007), Contos Obscuros de Edgar Allan Poe (2010) e, a ser lançado em breve, Páginas do Futuro: contos brasileiros de ficção científica. São ilustrações feitas com colagem de fragmentos de gravuras antigas, num estilo muito usado pelos Surrealistas nos anos 1920 (principalmente Max Ernst).



Depois de décadas no Rio, Romero faz sua primeira exposição individual na Paraíba dentro do evento “Setembro Fotográfico” (24 a 30 de setembro). Alguém perguntará: Mas ele é fotógrafo? A resposta é: Não, ele é um desconstrutor de fotografias. A exposição “Ex-Fotos” (com um saboroso trocadilho no título, cheio de sugestões) mostra fotos alheias que o artista recorta com estilete até transformar em coisas completamente diversas. O corte do estilete produz uma nova silhueta que nada tem a ver com a original, e nessa nova silhueta as zonas de cor, de luz e de sombra sofrem uma leitura que também nada tem a ver com a da imagem em que foram produzidas originalmente.

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Existem as artes aditivas, que consistem em colocar coisas onde não havia nada (a pintura, p. ex.), e artes subtrativas, que consiste em pegar uma massa informe e retirar partes dela até deixar ali uma obra de arte (a escultura, p. ex.). A desconstrução promovida por Romero é de uma terceira natureza, porque pega uma obra de arte acabada (ou pelo menos um produto informacional acabado, no caso uma foto) e interfere nela até transformá-la numa voluta abstracionista, numa caricatura grotesca, numa colagem de formas surrealistas.

A exposição “Ex-Fotos” está aberta no Casarão 34, de 24 de setembro a 30 de outubro, de 2ª. a 6ª. feira, das 8às 12 e das 14 às 18 horas. Além da exposição, o artista estará ministrando a oficina “Recorte da Imagem a Partir da Fotografia”, nos dias 27 e 28, das 15 às 18 horas.



















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