Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
2649) O líder que deixa liderar (31.8.2011)
(Garrincha, Didi e Pelé)
O designer Bruce Mau criou The Incomplete Manifesto, um conjunto de instruções para enfrentar situações em que a criatividade emperra. O texto (está completo aqui: http://tinyurl.com/yamtgvd) tem 43 itens, e aqui vai mais um, comentado por mim.
“10) Todo mundo é líder. O crescimento é algo que acontece. Quando acontecer, deixe que brote. Aprenda a segui-lo quando ele fizer sentido. Permita que qualquer um possa liderar”.
Estas poucas linhas me lembram episódios em que a liderança de um trabalho foi momentaneamente assumida por um subordinado, e o líder natural do grupo, ao invés de sentir-se ofendido ou ameaçado por isso, teve a lucidez de dar um passo de lado e ceder essa liderança a quem tinha uma proposta melhor que a sua.
Na Copa do Mundo de 1958, o Brasil estreou vencendo a Áustria (3x0) e empatando com a Inglaterra (0x0). O time tinha na reserva o adolescente Pelé, com 17 anos, e o imprevisível Garrincha, com 24, considerado por alguns cartolas um irresponsável, porque jogava para se divertir.
Na véspera do jogo com a Rússia, que decidiria nossa classificação, Feola foi procurado pelos jogadores mais experientes do time: Nilton Santos, Didi, Gilmar, etc. Os jogadores o convenceram de que com Pelé e Garrincha o time ficaria imbatível.
Feola não usava terno Armani à beira do campo, não era truculento, não se achava o dono da verdade. Aceitou o conselho dos jogadores, “e o resto é História”.
Em 1980, a diretora Tizuka Yamasaki estava realizando seu primeiro filme, Gaijin – Os caminhos da liberdade, história da imigração japonesa no Brasil. O roteiro original (que contava em linhas gerais a vida da avó da diretora) terminava com a impossibilidade do casamento entre ela e um namorado brasileiro (como ocorreu na vida real).
Perto do fim das filmagens, Tizuka foi abordada por atores e membros da equipe técnica. Eles queriam que o filme terminasse com o casamento da japonesa e do brasileiro. Tizuka argumentou que na vida real não fôra assim; eles contra-argumentaram que o filme era a favor da miscigenação e da união entre as duas culturas, e que neste caso a fidelidade à biografia de uma única pessoa era de importância menor. A diretora aceitou, mudou o fim do filme, e o filme ficou muito melhor.
Um amigo meu, engenheiro elétrico, estava coordenando a construção de um conjunto habitacional popular. A certa altura surgiu um problema com a distribuição das redes elétricas dos blocos. As soluções padrão, que ele e os outros tinham aprendido na faculdade, não se aplicavam ali. Um morador local, que era eletricista nas horas vagas, propôs uma solução pouco ortodoxa. Eles ficaram um tempão avaliando e resolveram tentar.
Deu certo. “Era uma solução típica de quem não aprendeu as soluções mais óbvias”, disse ele. “Mas funcionou, e fim de papo. Nosso mérito foi apenas o de dizer: ‘Vamos tentar a solução do cara’, e esquecer que ele estava ali como mero ajudante.”
apreciei dar uma passeada neste espaço cultural magnifico.Está de parabéns.E na oportunidade informo-lhe o novo email meu beneditocglimma@yahoo.com.br,á disposição para contatos.
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