Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
terça-feira, 14 de junho de 2011
2582) Um Museu do Cordel na Lua? (14.6.2011)
Uma notícia ainda não confirmada vem sacudindo os corredores da NASA, e interessa muito de perto ao leitor brasileiro, ao nordestino em particular. Segundo as agências noticiosas, trata-se do envio para a superfície da Lua, durante a Missão Apolo 12, em 1969, daquele que pode ser o primeiro museu interplanetário da Literatura de Cordel. A façanha se deve à presença de um grupo de brasileiros na equipe de centenas de pessoas (engenheiros, astrofísicos e analistas de sistemas) responsáveis pelo voo, contando com a cumplicidade eventual de norte-americanos.
No grupo de técnicos brasileiros foi confirmada a existência de dois pernambucanos, dois paraibanos e um cearense, sendo que ainda estão sendo interrogados um potiguar e um alagoano. Segundo as informações confidenciais que vazaram para a imprensa, o grupo conseguiu miniaturizar uma placa feita de uma liga especial de silício e titânio, que foi clandestinamente afixada a uma das pernas do “Intrepid”, o módulo lunar que após a missão permaneceu pousado na superfície do satélite.
A placa teria cerca de 16 milímetros de altura por 11 de largura, e segundo seus criadores reproduz as proporções de um folheto de cordel (que tem essa medida em centímetros), e transcreve trechos (em português) de alguns clássicos da Literatura de Cordel – a qual com isto, ironicamente, tornou-se a primeira expressão literária da Humanidade a ser oficialmente depositada em outro corpo celeste. A primeira biblioteca interplanetária, por assim dizer.
Interrogados, os autores do projeto confirmaram que a plaqueta contém seis palavras, cada uma delas extraída de um folheto. A palavra “Plutão” foi retirada da quarta linha da 5a. sextilha de A Chegada de Getúlio Vargas no Céu e o seu Julgamento, de Rodolfo Coelho Cavalcanti. A palavra “ultra-vermelha” foi retirada da quinta linha da 91a. sextilha de A Fada da Borborema de Delarme Monteiro da Silva. A palavra “futuro” foi retirada da sexta linha da 11a. sextilha do folheto Conheça o Enigma das Inscrições Rupestres do Lajedo Pai Mateus de Manuel Monteiro. A palavra “inteligência” foi retirada da sexta linha da 20a. septilha do folheto Sacco e Vanzetti aos olhos do mundo, de João Martins de Athayde. A palavra “perguntou” foi retirada da terceira linha da 11a. sextilha de Casamento e Divórcio da Lagartixa de Leandro Gomes de Barros. Finalmente, a palavra “vida” foi retirada da sexta linha da 4a. estrofe do folheto Trigésimo Aniversário da Conquista da Lua de Gonçalo Ferreira da Silva.
Uma fonte de NASA, que não quis se identificar, asseverou que em momento algum o transporte desta plaqueta (que pesa apenas poucas gramas) colocou em risco a segurança da missão, e que a investigação tem caráter mais administrativo do que criminal. “Recebemos cópias dos livros utilizados”, disse a fonte, “mas ainda não entendemos o critério científico da escolha dessas palavras, bem como o propósito desses poemas sem pé nem cabeça”.
'Critério científico', é?... Humpf!...
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