sexta-feira, 27 de maio de 2011

2567) A Game of Thrones (27.5.2011)



A Game of Thrones é uma série que estreou há poucas semanas no canal HBO da TV a cabo, uma fantasia medieval que lembra por um lado os épicos de Conan Doyle (A Companhia Branca, O Escudeiro Heróico), por outro lado tem algo de O Senhor dos Anéis, e por outro, ainda, traz um pouco de um gênero que nada tem a ver propriamente com fantasia ou com Idade Média – o romance de intriga política, em que vários grupos lutam pelo poder. Em geral não assisto séries de TV (não sei como esses meus amigos conseguem trabalhar e assistir House, Lost, Os Sopranos, o escambau, tudo ao mesmo tempo). Desta vez me interessei porque a série se baseia num romance múltiplo de George R. R. Martin, conhecida figura que começou escrevendo ficção científica e depois optou pela fantasia medieval. Martin é um bom escritor, os livros dele foram elogiados por críticos que eu respeito, e isto me motivou a assistir os (até agora) três primeiros episódios.

O foco principal da história é Lord Stark, que governa a parte norte dos Sete Reinos, onde existe uma enorme muralha coberta de neve destinada a impedir a entrada de seres míticos e ameaçadores. O Rei o chama para a capital, para ser seu principal conselheiro. Stark não fica nem um pouco animado com isto, pois já tem problemas demais para administrar em seu próprio castelo. Mas ele é um dos melhores amigos do rei, são antigos companheiros de batalha que se tratam por “você”, e ele sabe que o rei corre perigo, porque há muita gente doida para defenestrá-lo e ocupar seu lugar no trono.

Stark, sua mulher e seus filhos são os personagens em princípio mais simpáticos de uma trama palaciana cheia de conspirações, traições, mentiras, etc. George R. R. Martin escreveu até agora quatro volumes de sua saga, cada um deles na faixa das 800 páginas (já estão sendo traduzidos no Brasil, pela Leya, sob o título geral de “Crônicas de Gelo e Fogo”). Um quinto volume deve ser lançado em julho nos EUA. Há muitos personagens e uma volumosa história prévia que vai sendo revelada aos poucos. É o tipo de história difícil de transpor para cinema ou TV, pois as disputas dinásticas e a política da corte requerem tipicamente longas cenas de diálogos. A direção da série tem se saído bem em exibir todas essas múltiplas linhas narrativas que ser cruzam e se interferem, embora um crítico tenha dito que tentar entender essa história é o mesmo que tentar entender a história política do Oriente Médio.

Game of Thrones tem um pé no fantástico, numa linha narrativa que ainda não foi bem desenvolvida: a anunciada invasão da fronteira norte dos reinos, através da Muralha, por criaturas que todos eles temem e nenhum conhece. Westeros (o nome do continente) é um lugar estranho, onde o inverno pode durar uma geração inteira – uma pessoa nasce, vive, envelhece e morre sem ter visto o sol. Tem bom roteiro, bons atores, e é melhor do que a maioria dos filmes que estão passando nos cinemas.

Um comentário:

  1. Posso parecer chato, mas confesso que não suporto (his)(es)tórias envolvendo dinastias, reinos, ou quaisquer destes símbolos maiores da exploração do homem pelo homem, mesmo que em formato de fantasia mítica. Considero que esse intervalo histórico de supremacia das monarquias, assim como o holocausto nazista, deveria ser enterrado.

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