Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
2178) Decisão do Júri (2.3.2010)
“Na cidade de Campina Grande, aos vinte e sete dias do mês de novembro de dois mil e nove, a partir das onze horas, reuniram-se os membros do júri do Prêmio Literário Estadual “Serra da Borborema”, os senhores Amadeu Garcia Trancoso, Luiz Antonio Salamanca, José Roberto Carvalho da Silva, e as senhoras Heloísa Furtado e Maria das Graças Cantanhede Rocha, que, tendo examinado as vinte e oito obras concorrentes, decidem por unanimidade: 1) Conceder o Prêmio à obra intitulada Microinfinitos, conjunto de poemas inscrito pelo autor de pseudônimo “Montag”; 2) destacar os seguintes aspectos da obra vencedora.
Em primeiro lugar, a proposta inovadora de interatividade, em que o leitor é convidado a tornar-se co-autor da obra. Destacamos o recurso principal empregado para este fim, ou seja, o uso de códigos numéricos (p. ex.: 3-8-120-5) para a escolha aleatória de palavras por parte do leitor, obedecendo à disposição dos livros em sua biblioteca, onde 3 refere-se à prateleira, 8 ao livro, 120 à página e 5 à palavra. O autor sugere também um engenhoso sistema de substituição de números, em que, por exemplo, 123 pode ser decomposto em 1-2-3, em 12-3 e em 1-23, caso não haja prateleiras, páginas, etc. correspondendo ao primeiro número sugerido.
Poemas são montados através desse processo, que fornece ao leitor a matéria-bruta (termos isolados) que caberá a ele relacionar sintaticamente, organizando-o em verso de acordo com sua própria sensibilidade literária. Cada página de códigos numéricos pode resultar num poema de extensão equivalente a um soneto.
Em segundo lugar, ressaltamos o fato de que, não satisfeito com isto, o autor propõe na segunda parte um conjunto de códigos que terão, para cada leitor, valor diferente. Números personalizados, por assim dizer, o que coloca a escolha vocabular num duplo nível de aleatoriedade. O autor sugere algumas dezenas de módulos intercambiáveis indicando números que são peculiares a cada leitor, desde os mais óbvios (identidade, CPF, data de nascimento, data de nascimento do cônjuge e filhos, telefone residencial ou comercial, celular, número do Pis-Pasep, número do prédio ou apartamento onde mora, CEP, placa do carro, etc.) até números referidos de forma mais indireta: número total de letras do nome (do próprio leitor, do cônjuge, dos pais, dos filhos, etc.), soma do dia, mês e hora em que a leitura está sendo feita, e assim por diante.
Assim procedendo, o leitor terá diante de si em cada sessão de leitura uma cadeia de algarismos (por exemplo: 758432637499557338505058...) que poderá ser dividida de incontáveis maneiras: prateleira 7, livro 5, página 8, palavra 4. Ou então prateleira 7, livro 58, página 4, palavra 7. Ou prateleira 7, livro 5, página 84, palavra 3... As possibilidades, como sempre, são infinitas. Com o que se deu por encerrada a reunião, redigindo-se a presente ata, que vai assinada e rubricada por todos os membros do júri.”
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