Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
domingo, 13 de junho de 2010
2145) Os 10 Mandamentos do Ateu (22.1.2010)
Recolhi na Internet esta série de mandamentos, atribuídos a Richard Dawkins em seu livro Deus, um Delírio. (Em: http://bit.ly/5X3GFM) Confesso que não fui à fonte checar a procedência. O livro de Dawkins nunca me atraiu, pelo tom desaforado com que ele tratou, em entrevistas, a idéia de Deus e as religiões em geral. Vá lá que o sujeito seja ateu, mas daí a insultar o Deus dos outros... Quê que tem que as pessoas acreditem em Jesus, em Jeová, em Allah, desde que isso lhes faça bem, e as faça querer o bem dos demais? Por mim, está ótimo. Eu julgo uma crença pelo comportamento dos seus crentes.
Para explicar a razão de ser do Universo, da Terra e da vida humana, acho que as Ciências têm dado explicações bastante satisfatórias, e não vejo necessidade de outras. O que o Cristianismo nos fornece de mais importante é um humanismo, um modo de ver e considerar as outras pessoas como se fossem parte de nós mesmos. É a velha parábola do sujeito que vem andando na estrada, vê um mendigo com a perna quebrada, bota-o nas costas e leva-o até a cidade mais próxima. Lá, alguém lhe pergunta: “Não é muito pesado?”, e ele diz, “Não, é meu irmão”. Era um mero mendigo anônimo; mas o viajante o considerava um irmão, um semelhante, um igual a si. Eu diria (se não parecesse meio herético) que esta noção de igualdade é uma visão científica do ser humano. Somos todos iguais, biológica e socialmente, e temos o dever moral de ajudar aos que precisam.
Com pequenas ressalvas, é esse o espírito científico-cristão que pode ajudar as pessoas a tomarem decisões difíceis. E grande parte dele está contido no decálogo abaixo, atribuído a Dawkins:
“1) Não faça aos outros o que não quer que façam com você. 2) Em todas as coisas, faça de tudo para não provocar o mal. 3) Trate os outros seres humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com amor, honestidade, fidelidade e respeito. 4) Não ignore o mal nem evite administrar a justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que tenham sido reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com honestidade. 5) Viva a vida com um sentimento de alegria e deslumbramento. 6) Sempre tente aprender algo de novo. 7) Ponha todas as coisas à prova; sempre compare suas idéias com os fatos, e esteja disposto a descartar mesmo a crença mais cara se ela não se adequar a eles. 8) Jamais se autocensure ou fuja da dissidência; sempre respeite o direito dos outros de discordar de você. 9) Crie opiniões independentes com base em seu próprio raciocínio e em sua experiência; não se permita ser dirigido pelos outros. 10) Questione tudo.”
Eu diria que os cinco primeiros são mandamentos cristãos e humanistas, e os cinco últimos são mandamentos científicos, de natureza racionalista e intelectual (no melhor sentido destas palavras). Problema é achar um sujeito capaz de colocar tudo isto como prática de vida, e não como assunto de colunas de jornal. Mas não custa nada tentar.
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