Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
terça-feira, 8 de junho de 2010
2125) Os 100 livros da década (30.12.2009)
O Times Online escolheu há pouco tempo os 100 melhores livros da década que se finda. Eu percorro essas listas com várias finalidades. Uma delas é descobrir algum livro que pode me interessar. Certos autores que hoje me encantam foram encontrados assim. Não é que eu vá atrás de elogios. Elogios entram por um olho e saem pelo outro. Mas às vezes um jornalista consegue fazer a sinopse certa, a descrição certa de um livro, aquela que basta a gente ler para ter certeza (logo confirmada) de que vai gostar daquilo. Quando a descrição é boa, o cara pode até estar dizendo que o livro é uma droga, pra mim é irrelevante.
Outra finalidade é constatar como sou desinformado. De um escritor profissional, mesmo do 3o. Mundo, talvez se espere que ele tenha lido pelo menos 20 ou 30 dos melhores livros da década, afinal teve dez anos para se informar, correr atrás, ficar em dia. Não é o meu caso. Dos cem livros mencionados pelo Times (aqui: http://tinyurl.com/y8783kt), que incluem obras de ficção e de não-ficção, em diversos gêneros (incluindo poesia, ensaio, biografia, etc.) li apenas quatro: Cloud Atlas de David Mitchell (em 66o. lugar), Crônicas, vol. 1 de Bob Dylan (em 33o.), O Código da Vinci de Dan Brown (em 10.) e Dreams from my Father de Barack Obama (em 3o.). Pouco, muito pouco para uma década inteira, ainda mais se percebermos (pelo livro de Dan Brown) que o critério de seleção não é apenas qualidade literária, mas repercussão junto ao público (há um Harry Potter e um Crepúsculo na lista).
Os redatores do Times consideraram o melhor livro da década o terrível e ominoso A Estrada, de Cormac MacCarthy, a história de um pai e um filho vagueando na paisagem brutal de uma América pós-apocalíptica. Tecnicamente, portanto, trata-se de um livro de ficção científica, embora os críticos prefiram morrer a admiti-lo, uma vez que para eles o uso de temas da FC impossibilita alguém escrever boa literatura. Outros títulos já foram traduzidos e publicados no Brasil, como a HQ Persépolis de Marjane Satrapi (em 2o. lugar), A Vida de Pi de Yann Martel (em 7o.), Atonement de Ian MacEwan (em 9o.), Lendo Lolita em Teerã de Azar Nafisi (em 14o.), Deus, um Delírio de Richard Dawkins (em 15o.), A Luneta Âmbar de Philip Pullman (em 22o.), O Caçador de Pipas de Khaled Hosseini (em 30.) e vários outros.
Confirmada minha ignorância enciclopédica, resta-me apenas sair ganhando pelo outro lado. Anotei para consulta futura, além do livro de MacCarthy: The Arrival de Shaun Tan, um dos melhores ilustradores de histórias fantásticas infanto-juvenis-adultas; White Teeth de Zadie Smith, uma escritora sobre quem já li muita coisa contra e a favor; Meu nome é vermelho de Orhan Pamuk, idem idem; A Feiticeira de Florença de Salman Rushdie, autor que geralmente me agrada. “Estou atrasadíssimo nos gregos”, como se queixava Drummond, mas não custa nada olhar o que os contemporâneos andam fazendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário