Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
terça-feira, 25 de maio de 2010
2080) Penny Drive (7.11.2009)
A música dos Beatles nunca foi divulgada eletronicamente através dos I-Pods que existem por aí devido a uma pendenga judicial entre os quatro cabeludos e a Apple, de Steve Jobs. Ao que parece, os Beatles, que nos anos 1960 fundaram a gravadora/selo/loja Apple, não gostaram nem um pouco quando o americano escolheu o mesmo nome para sua empresa de informática. Houve um certo bate-boca, um conflito jurídico, de modo que a Apple dos EUA nunca teve o direito de comercializar as canções do quarteto.
Agora, os jornais anunciam que no próximo dia 7 de dezembro a Apple Corps (dos Beatles) e a EMI Music colocarão no mercado toda a obra dos Beatles num pen-drive especial, para o qual sugiro o nome de Penny Drive. Pena que esta coluna não seja ilustrada, mas quando eu postar este artigo no meu blog colocarei a foto da belezinha: uma pequena maçã verde com um talo que, uma vez puxado para fora, traz consigo a entrada USB para ser plugada no computador. A engenhoca tem 16 Giga de memória, totalmente preenchida, segundo os jornais, com todas as canções (remasterizadas) gravadas pelos Beatles, todos os elementos visuais dos discos originais (capas, fotos, encartes, textos de contracapa, fichas técnicas) e 13 mini-documentários sobre a gravação dos discos, traçando uma pequena história dos oito anos de carreira do quarteto. O material está dotado de uma interface que permite executar tudo tanto num PC quanto num Mac.
A Apple Corps anuncia que “discussões relativas à distribuição digital do catálogo dos Beatles continuam em curso”, o que parece significar que a briga com a Apple americana continua. O preço do pen-drive não foi anunciado, mas em dezembro serão colocadas no mercado britânico 30 mil unidades, o que me parece uma gota no oceano, mesmo que o preço (ainda não divulgado) seja exorbitante. A vantagem de vender produtos dos Beatles é que, embora haja um imenso contingente de jovens que o adoram, o “núcleo duro” desse mercado é formado por cinquentões como eu, muitos dos quais numa situação financeira que lhes permite comprar até mesmo aparas das unhas de Ringo, se forem oferecidas no mercado.
No filme Homens de Preto, alguém mostra uma tecnologia alienígena revolucionária para reproduzir áudio, e o personagem de Tommy Lee Jones suspira e diz: “Lá vou eu comprar o Álbum Branco de novo”. O sujeito que gosta de uma obra musical não resiste a escutá-la através de novos recursos. Quando ouvi os discos dos Beatles pela primeira vez em CD, vi que não eram as mesmas músicas. Depois de 20 anos escutando o som analógico dos elepês, meu ouvido foi surpreendido por músicas remixadas em que um instrumento que antes era bem baixinho passava a se sobressair, enquanto outros quase desapareciam. A divisão dos canais estéreo também produzia um efeito que minhas modestas radiolazinhas de outrora não alcançavam: nunca ouvi tão bem os vocais de acompanhamento. Que venha o Penny Drive, e as novas descobertas.
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