segunda-feira, 22 de março de 2010

1811) Alguns filmes de 2008 (28.12.2008)



O melhor filme de 2008 foi Não estou lá, de Todd Haynes, uma biografia fictícia de Bob Dylan através de meia-dúzia de personagens com nomes e histórias diferentes, que nunca se cruzam, interpretando fases de Dylan ao longo de suas sucessivas encarnações. Não é documentário, não é ficção: não é doc, não é fic. É um filme diferente de todos, magnificamente fotografado, e com interpretações notáveis, principalmente a de Cate Blanchett no papel de “Dylan em 1966”, que no filme se chama “Jude Quinn”. Já vi o filme três vezes e ainda não acertei um ângulo de abordagem para comentá-lo aqui nesta coluna; mas já que estou dando um balanço, fique o registro. Ah, falei na trilha sonora? Nem precisava.

Falar “o melhor filme” é de uma arrogância sem par, o cara dá a entender que viu todos os outros. Não vi nada. Nem os críticos profissionais vêem, quanto mais eu. Vou pouquíssimo ao cinema. Quando um filme me interessa, espero pelo DVD. Ainda assim, vi alguns bons lançamentos. Meu nome não é Johnny foi o melhor lançamento brasileiro que vi este ano. Não é um grande filme, no sentido de que o Encouraçado Potemkin e Deus e o Diabo...” são grandes filmes. Mas é um filme necessário para discutir uma das grandes questões do mundo: o fato de que metade da população urbana quer tomar drogas e a outra metade quer proibi-las. Além disso, tem uma direção segura, e grande interpretação de Selton Melo no seu estilo largadão/elétrico.

Já falei aqui sobre Across the Universe, aquele filme baseado nas canções dos Beatles. Na História do Cinema ele se situa mais ou menos naquela altura em que “Little Child” se situa no cancioneiro de Lennon e McCartney; mas é uma bela experiência áudio-visual acompanhar os novos arranjos e as ilustrações visuais de cada canção. Só o coloco na lista por ter sido um dos poucos filmes que vi mais de uma vez.

Juno, aquele filme sobre uma adolescente que fica grávida, foi um dos filmes mais simpáticos do ano. Já falei aqui sobre ele, comparando-o a Little Miss Sunshine: uma luz de esperança para um cinema americano que foge dos super-heróis em Som Dolby e 3.500 cópias. Um cinema que quer contar histórias simples e imprevisíveis sobre gente imprevisivelmente complexa, porque não há personagem mais simples que um Super-Herói, e ninguém mais complexo do que a filha adolescente do vizinho do lado.

O Gangster de Ridley Scott e Senhores do Crime de David Cronenberg foram dois policiais violentos e verazes, centrados em personagens sólidos, interpretados por Denzel Washington e Viggo Mortensen, respectivamente. A Culpa é de Fidel é um filme político de segunda geração, que em vez de se concentrar nas atividades revolucionárias dos pais registra a perplexidade dos filhos, que se sentem jogados para escanteio. Dirigido pela filha do para do cinema político, Costa-Gavras, tem uma função de ajuste de contas levada a cabo com discrição e sensibilidade.

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