Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
1714) Desencanta, Dunga (9.9.2008)
O Brasil jogou na noite do domingo sua melhor partida nestas Eliminatórias. Sei que para muitos a melhor partida foi aquela de 5x0 no Equador, no Maracanã, mas aquilo ali era um mamão-com-açúcar. Difícil, amigos, é ganhar do Chile em Santiago, quando a equipe está com o moral baixo e o treinador com a corda no pescoço. O time de Dunga suportou a pressão inicial da atabalhoada seleção chilena, e fez os gols nos momentos certos. O primeiro na metade do primeiro tempo, quando o Chile já tinha ido com perigo duas vezes (numa delas, o chileno estava dentro da pequena área e mandou a bola para os Andes). Com 1x0 contra, o Chile avançou (e se atabalhoou) ainda mais, e poderíamos ter ampliado quando o zagueiro fez uma falta brutal em Diego. Ronaldinho Gaúcho não bateu mal o pênalte: chutou forte, do lado, mas o goleiro escolheu o canto certo e conseguiu desviar. E Robinho marcou no último minuto do primeiro tempo, que é um momento ótimo para se fazer um gol.
O segundo tempo foi menos técnico e mais ríspido do que o primeiro. O Brasil se segurou, ainda mais depois que Kléber recebeu um injusto segundo cartão amarelo (o primeiro foi merecido) e foi expulso. Temi que Dunga visse nisto um pretexto para substituir os atacantes por mais dois volantes, mas o bom senso prevaleceu. Ele colocou Juan (ótimo armador de jogo) no lugar de Ronaldinho Gaúcho, que se limitava a trocar passes longe da área. Foi uma medida ousada, mas o Gaúcho não está mesmo numa boa fase. O Brasil se segurou, perdeu algumas chances, e fez o 3º gol num momento crucial, porque àquela altura se o Chile fizesse 2x1 os dez minutos finais seriam um pesadelo.
O Brasil jogou muito bem, mesmo sem dar o tal do espetáculo. Os milhões de galvões-buenos querem sempre espetáculo, querem goleada, querem humilhar o adversário, querem ver bola entre as pernas, lençol, olé, como fizemos com o indefeso Equador no Maracanã. Quando isso ocorre eu também me divirto, mas prefiro uma vitória como esta, em que o time entra desacreditado num território inimigo, sofre pressão, se segura, marca gols com talento e firmeza, defende-se com seriedade e sempre que recupera a bola parte com decisão para o ataque, em vez de ficar trocando passezinhos no círculo central – que é a característica da Seleção sob o comando de Dunga.
Vivo falando mal do treinador, chegou o momento de falar bem. Faço votos de que, quando ele vem com aquele papo imutável de “determinação, busca do objetivo” e blá-blá-blá, esteja se referindo ao que a Seleção fez no Chile, e não ao que vinha fazendo ultimamente. Tomara que ganhe bem da Bolívia, desencante, acerte o passo. O time todo jogou bem; destaco Julio César pela segurança, Robinho (se bem que só chute cafôfa), Josué (pelos desarmes limpos e precisos), Diego (pelo esforço). O nome da partida foi Luís Fabiano, que em dois jogos das Eliminatórias fez quatro gols, e acho que agora nem Dunga tem moral pra tirar o homem do time.
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