Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
1646) Chuck Berry fields forever (21.6.2008)
Dando prosseguimento ao trabalho de campo para minha tese de doutorado (“Frankensteins Eletrificados: o Rock na Quarta Idade”), fui ver (depois dos shows de Bob Dylan e John Mayall) o show de Chuck Berry no Vivo Rio.
Foi o show mais idiossincrático dos três. Berry entrou no palco pontualmente às 21:35. Vestindo calça escura, camisa de mangas compridas, vermelho-berrante, cheia de lamê, e um boné branco, parecia um capitão de marujada. A banda tinha um baterista brasileiro (Maguinho) e na guitarra o filho de Berry, que toca bastante bem.
Diz o jornal que CB tem 81 anos, mas as fontes divergem.
A Encyclopedia of Rock de Nick Logan e Bob Wolfinden afirma que ele nasceu em 18-10-1931.
A de Jon Pareles e Patricia Romanowski confirma o dia, mas deixa a dúvida: “1926 ou 1931”.
A Bob Dylan Encyclopedia de Michael Gray diz: “Nascido como Charles Edward Anderson Berry em San Jose, California, em 15 de janeiro ou 18 ou 26 de outubro de 1926”.
A Beatles Encyclopedia de Bill Harry reitera o ano de 1931.
A Wikipedia contrapõe: 18 de outubro de 1926... mas diz que ele nasceu em Saint Louis, Missouri. Precisa mais para afirmar que o sujeito é uma Lenda Viva?
Berry pisou no palco visivelmente “triscado”, se bem que eu não acho nada de mais o artista tomar umas caébas antes de começar um show. Entrou meio sem bússola, os dedos sem encontrar as cordas, a guitarra alta demais, o vocal trôpego, pastoso.
Começou pianinho, com uma das minhas músicas favoritas, “Memphis, Tennessee”. Aos poucos foi esquentando, com os gritos de entusiasmo e os aplausos fervorosos da congregação. Cantou um bolero em espanhol (devia estar se achando em Buenos Aires). Esquentou mais com “Let it Rock”. Os dedos estavam erráticos, mas a guitarra plangente era a mesma de 50 anos atrás.
Fez um contracanto animado com a platéia em “Ding-A-Ling”. Depois vieram “Sweet Little Sixteen”, “In the Wee Wee Hours”, depois um rhythm-and-blues que não identifiquei. Alguém da platéia gritou algo e ele disse: “Yesterday? Adoro essa música. Mas não é uma música minha, é dos Beatles...” Gargalhadas da platéia... e Berry, meio desentoado, cantou a primeira parte de “Yesterday”, sob aplausos gerais.
Emendou com “Nadine”, um dos rocks anos-50 sobre garotas e carros, depois mais um rock animado e, aos pedidos berrados pela platéia, “Johnny B. Goode”. Foi impressionante: acima das mesas, no recinto escuro, erguiam-se centenas de retangulozinhos azulados e brilhantes. Eram os celulares gravando a cena, que a esta altura já deve estar no YouTube.
O show esquentou a partir daí, e Berry fez o impensável. Havia uma galera dançando diante do palco, e ele chamou todo mundo para cima. Ficaram umas 40 garotas no proscênio, dançando e se exibindo como loucas, e o véi tocando sentado no praticável da bateria. Rock puro. Depois dessa apoteose, como vou me queixar que tenha havido apenas 50 minutos de show? Esperei 50 anos por isso!
rsrsr...legal a frase final...ou fatal...como queira...rs
ResponderExcluirmuito bom artigo, o clima está estampado, deu pra vislumbrar ( ou rever...rs)
Grande turma essa...faz falta !
abraço