Quando você resolve colecionar coincidências e simetrias aleatórias (termo que acabei de inventar) elas parecem chover sobre sua cabeça. Todas as vezes que uma coisa assim me acontece acaba reforçando a minha idéia de que o nosso mundo é um videogame ou programa de simulação de um Super-Ultra-Mega-Computador Cósmico.
Existem numa dimensão superior alguns Seres (não me refiro a divindades, mas a seres materiais e finitos como nós mesmos) que determinam o que nos vai acontecer, assim como nós determinamos a vida daquela familiazinha em “The Sims” e outros joguinhos simulatórios.
E de vez em quando acontece com eles o mesmo que conosco: nos distraímos, ou o programa interpreta erradamente um comando nosso.
Fui a uma loja comprar um móvel para casa. Escolhi, sentei à mesa do vendedor, ele preparou a nota fiscal, passou meu cartão de crédito, assinei, etc. Quando fomos combinar a entrega, ele chamou um empregado que estava no fundo da loja e perguntou quando ele poderia vir entregar.
No diálogo, percebi que o entregador era um cara moreno, magro, jovem, e que tinha o olho direito cego; a íris e a pupila cobertas por uma catarata ou algo parecido. Combinamos para a manhã do dia seguinte, e fui para casa.
No dia seguinte, toca o interfone e o porteiro me avisa que chegou um entregador. Mandei subir. Quem me apareceu à porta e fez a entrega foi outro cara, de macacão azul: um preto corpulento, de rosto redondo, barba, bem mais velho do que o outro. E com o olho direito igualmente cego!
Há duas maneiras de tratar com uma ocorrência assim.
A primeira delas é considerar que existe um conjunto de algoritmos (sub-rotinas matemáticas que se encarregam de uma sucessão predeterminada de eventos, em ciclos que se repetem) programando o que ocorre em nossas vidas.
Suponhamos que no programa que roda os fatos da minha vida estava registrado: “Compra de móvel – Entrega de mercadoria: empregado da loja, sem o olho direito”. Na memória do programa existem alguns protótipos que correspondem a essa descrição. No dia em que fiz a compra, o entregador que vi era o protótipo XB-14, mas por um descuido do programa quem de fato veio à minha casa foi o XB-15.
É um descuido imperdoável, do ponto de vista dos nossos Controladores. Teria que ser o mesmo cara. Ou então um cara totalmente diferente, para que eu não viesse a perceber o quanto esses tipos são meras simulações de seres humanos, escolhidos, a partir de algumas características, num repertório da memória do programa.
A outra maneira de lidar com isso é fazer como os economistas fazem: propor um rótulo que descreve o fenômeno – “Simetria Aleatória”, por exemplo – e dar-se por satisfeito. Toda vez que voltar a acontecer esse evento inexplicável, o cientista não conta conversa: “Ora, é uma simples Simetria Aleatória, nada mais do que isto”. E assim explicamos o inexplicável, pelo poder que têm as palavras de dar nitidez ao invisível.
eu diria que esse tipo de coisa me deixa com medo; mas logo passa...
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