quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

1432) “Paris te amo” (16.10.2007)


Está em cartaz este filme-antologia em que vários diretores contribuem cada qual com um filme de curta-metragem. A principal vantagem deste formato é que aproveitamos cada história quando ela nos interessa, e quando não é o caso basta esperar que passe logo e venha a próxima. Em Paris, te amo a idéia original era de dedicar um episódio a cada um dos vinte “arrondissements” da cidade. O perigo, neste caso, é que o filme seja feito em torno dos “cartões postais”: um casal que marca encontro no Arco do Triunfo, um suicida que vai pular da Torre Eiffel, um grupo de turistas fotografando os quadros do Louvre...

Não é o que ocorre, felizmente, e a rigor o único local famoso que aparece com certo destaque é o Cemitério do “Père Lachaise”, onde Wes Craven faz uma pequena homenagem a Oscar Wilde, e que reaparece nos passeios de uma desajeitada turista americana em “14ème Arrondissement” (Alexander Payne). O metrô surge no episódio “Tulherias”, onde os irmãos Coen colocam Steve Buscemi em mais uma roubada, e os inferninhos do “Pigalle” (Richard La Gravenese) servem de cenário para o “rendez-vous” de um casal maduro em busca de sensações novas. No mais, os episódios se prendem aos personagens, e a cidade surge como cenário e testemunha, e não pretexto.

Algumas histórias são meio absurdistas, como “Tour Eiffel” de Sylvain Chomet, onde um garoto conta como se conheceram seus pais, um casal de mímicos; e “Porte de Choisy” de Christopher Doyle, onde um vendedor vai parar num estranho salão de beleza oriental. Encontros e desencontros sentimentais aparecem em “Bastille” de Isabel Coixet, em que um homem desiste de se separar da esposa ao descobrir que ela tem leucemia; “Le Marais” de Gus van Sant, em que um rapaz faz uma declaração a outro que não sabe falar francês; “Quais de Seine” de Gurinder Chadha, onde um jovem francês descobre que o mundo não vai se acabar se ele paquerar uma moça árabe; “Montmartre” de Bruno Podalydès em que um desmaio na rua acaba aproximando um casal; “Place des Fêtes” de Oliver Schmitz em que ocorre o doloroso reencontro de dois jovens africanos; “Faubourg Saint Denis” de Tom Tykwer, sobre o namoro entre um cego e uma atriz; “Quartier Latin” de Frédéric Auburtin, em que um casal norte-americano troca farpas e confissões ao tratar do divórcio; “Quartier des Enfants Rouges” em que uma atriz paquera com o traficante que lhe vende haxixe.

O episódio de Alfonso Cuarón, “Parc Monceau”, em que Nick Nolte conversa com a filha, é feito num único plano, com a câmara em movimento seguindo os personagens. Uma história de vampiros com final feliz é o tema de “Quartier de la Madeleine” de Vincenzo Natali, e em “Place des Victoires” um cowboy fantasmagórico ajuda uma mulher a ter um breve reencontro com o filho morto. E os brasileiros Walter Salles e Daniella Thomas contam, em “Loin du 16ème”, a história de uma babá que cuida do filho alheio como se fosse o seu.

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