Hoje, quem diz ser nacionalista é taxado de antiquado, e logo escuta: “Essa coisa de nação acabou. Com a globalização da economia, os governos vão perder cada vez mais poder, as fronteiras vão passar a ser limites meramente simbólicos. Os governos serão administrações territoriais eleitas pela população, mas quem manda de fato são as grandes corporações, o grande capital”. É o que está acontecendo, concordo, e em alguns casos a única maneira de um país se opor a essa invasão silenciosa é através do autoritarismo esbravejante, como é o caso de Hugo Chávez na Venezuela, e de sua versão com menos decibéis na Bolívia de Evo Morales.
O Nacionalismo não deve ser xenofobia, recusa rancorosa a tudo que é estrangeiro. Pelo contrário. Tudo que é estrangeiro deve nos interessar – menos, é claro, uma invasão militar estrangeira, ou uma invasão econômica estrangeira. Dos estrangeiros me interessa a sua Cultura. Quero saber o que eles pensam, conhecer o que eles criam. Me interessa o turismo, para que eles possam vir conhecer as coisas interessantes que temos aqui com a mesma alegria e proveito com que eu conheço as deles quando viajo. Me interessa a possibilidade de fazer trabalhos conjuntos em que ambos possamos ganhar dinheiro e sair satisfeitos. Mas para isso tudo eu preciso ter uma situação política estável, uma economia firme, uma cultura altiva e em paz consigo mesma a ponto de não ter complexo de inferioridade diante da cultura alheia.
O nacionalismo está para os países assim como a cidadania está para os indivíduos. Não se trata de negar os direitos alheios, mas de afirmar os seus. Se a economia se globaliza cada vez mais, e os países perdem a autonomia sobre o que se passa dentro de suas fronteiras, então isto está se equivalendo ao que mais se criticava no Comunismo: os indivíduos perdendo a autonomia sobre sua própria casa, e o Estado onipotente invadindo tudo, mandando e desmandando em tudo. A Globalização Econômica pode criar isso: um Stalinismo em escala mundial, um Super-Estado transnacional formado por grupos sem ideologia, sem pátria, cujo único objetivo é a aplicação maciça de capital num país para arrancar o máximo possível de lucro no mínimo possível de tempo. Nacionalismo é dizer a esse pessoal: “Vão fazer isso na casa-da-mãe de vocês! Na minha casa não”.
Algumas pessoas que defendem o “exercício da cidadania”, os “direitos do cidadão”, “direitos do consumidor” e tudo o mais falam também que no mundo cosmopolita todas as nações se equivalem, que as fronteiras não existem mais. Eu discrepo. Acho que os povos têm personalidades próprias, como os indivíduos, e devem dialogar como os indivíduos dialogam: cooperando fraternalmente, respeitando-se, ajudando-se, tendo uns arranca-rabos de vez em quando como acontece com os indivíduos, e resolvendo tudo na base da diplomacia. Mas acima de tudo conscientes de que todos são únicos, diferentes, cada um tem algo de específico para contribuir.
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