quinta-feira, 30 de abril de 2009

1001) Por que estudar matemática (1.6.2006)



Li na Internet um ensaio com este título assinado por Espen Andersen, que ensina matemática numa universidade da Noruega. Pelo nome, não dá para saber se Espen é um professor ou uma professora, o que não deixa de ser uma maneira adequadamente matemática de considerar um indivíduo. Aliás, a palavra latina “indivíduo” é também uma metáfora matemática: in (negativa) + dividuo (divisão), aquilo que não pode mais ser dividido, a unidade básica. É o mesmo que o grego “átomo”: a (negativa) + tomos (divisão). Espen nos dá alguns conselhos valiosos sobre a importância de entender as coisas matematicamente.

“Estude matemática para poupar tempo na vida universitária”. Vai exigir uma certa quebração-de-cabeça na adolescência, mas uma vez chegado à Universidade você será capaz de em poucos segundos interpretar um gráfico ou uma fórmula, e entender como aquelas coisas se relacionam entre si, enquanto colegas menos preparados levarão vários minutos para saber a que corresponde cada fatia colorida daquela “pizza”. Diz Espen: “A matemática é uma linguagem mais rápida e mais eficaz que as outras linguagens. Quem a domina, trabalha com mais eficiência, e trabalha menos que os demais”.

“Estude matemática porque ela aparecerá cada vez mais no seu futuro”. É bom ir se preparando para viver num mundo em que jornalistas e políticos falarão menos e analisarão mais, em que mecânicos terão que lidar com chips embutidos tanto quanto lidam com chaves inglesas. A matemática e seus processos lógicos nos ajudam a entender tanto o funcionamento de mecanismos domésticos quanto os acontecimentos econômicos e militares do mundo em geral.


“Estude matemática porque ela é criativa”. Muita gente pensa que o pensamento matemático é mecanizado, repetitivo, o contrário do pensamento criativo. Isto é um absurdo. A matemática tem regras; apenas isto. Basta que saibamos a que se referem estas regras, e como funcionam; a partir daí, a criatividade está em saber interpretá-las e aplicá-las, e o céu é o limite. Saber relacionar as grandezas, as formas, os tempos e espaços, as medidas, as variações, as séries e progressões, é um desafio constante para nossa imaginação e inteligência. Basta saber quais são as regras.

“Estude matemática para perder menos dinheiro”. Quando multidões de idiotas entram em “pirâmides” ou em outros esquemas infalíveis para ganhar dinheiro, eles só o fazem porque não entendem patavina de matemática, e são incapazes de enxergar o conto-do-vigário que lhes está sendo aplicado. Se você entende de probabilidades, estatísticas, percentagens, juros, tem em mãos uma arma poderosa para lidar com bancos, Bolsas de Valores, empréstimos, financiamentos, compras a crédito. Pode comparar dois contratos ou duas ofertas bem diferentes e perceber em poucos minutos qual oferece mais vantagens. Saber matemática talvez não torne você rico, mas certamente tornará mais difícil que alguém fique rico às suas custas.

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