Como será que vai acontecer o fim dos Estados Unidos da América? Não digo que seja para breve, e é bem possível que não ocorra no meu tempo de vida, mas acho que vai acontecer com nossos sorridentes irmãos do Norte o mesmo que aconteceu com a União Soviética, a Iugoslávia, a Tchecoslováquia e outros países que, no meu tempo de estudante, eram tão reais (e pareciam tão para-sempre) quanto o Brasil.
Quebrar os EUA em pedaços não vai ser fácil, e na verdade a metáfora está incorreta, pois não é alguém de fora que vai fazer-lhe isto: é a própria erosão interna que irá fazê-lo esboroar-se como um dente cariado.
Os países não são eternos. Cem anos atrás, quem mandava no mundo era o Império britânico “onde o sol nunca se punha”, ou seja qualquer parte do globo iluminada pelo sol tinha território pertencente aos bisavós do Príncipe Charles. Por isso o nariz dos ingleses ainda se ergue tão alto.
Hoje, só resta o país-mãe (a própria Inglaterra), e algumas tias velhas que moram na vizinhança: a Escócia, a Irlanda, o País de Gales, etc. E assim passa a glória do mundo.
Países com nome coletivo, nome agregativo, estes me parecem os mais fáceis de desmanchar, porque nunca chegaram a uma síntese final, a uma fusão definitiva. Do ponto de vista químico, diríamos que os EUA não são uma solução, são uma mistura, que se reflete no próprio nome.
Quando se diz que aqueles são alguns Estados que se uniram, continua a haver algo de provisório nessa união, como se os Estados pudessem se ver desunidos assim que fossem modificadas as condições iniciais de temperatura e pressão.
Philip K. Dick, em O Homem do Castelo Alto imaginou os EUA tendo perdido a II Guerra Mundial, e sendo dividido entre os alemães (que ocuparam a Costa Leste pelo Atlântico) e os japoneses (que ocuparam a Costa Oeste via Pacífico).
Eu imagino que quando um dia torar-a-viga-do-meio, inviabilizando a possibilidade de um Governo central (digamos: um colapso total e simultâneo da economia e das telecomunicações, coisa mais fácil de ocorrer do que vocês imaginam) os Estados irão se agrupar por critérios de proximidade geográfica e de vínculos históricos e culturais.
Um país ao Nordeste, pegando toda a Nova Inglaterra, região dos lagos até Chicago, englobando New York e Washington.
Outro a Sudeste, pegando das Carolinas à Flórida, e daí a Oeste com todo o país do “blues” (Mississipi, Louisiana, etc.).
Tenho pra mim que o Texas será um país à parte, fechado em si mesmo, defendendo-se contra as hordas de mexicanos que começarão a penetrar pelo buraco onde ficam hoje o Novo México e o Arizona.
E a Costa Leste será o local dos Estados Unidos da Califórnia ou coisa parecida.
Não é viagem minha, colegas. A ficção científica americana vem trabalhando com cenários assim há décadas. A questão não é adivinhar exatamente como vai ser. É saber que pode acontecer, e que, num certo sentido, já começou.
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