quinta-feira, 27 de novembro de 2008

0644) Treze x Botafogo (12.4.2005)



De passagem por João Pessoa há duas semanas, caiu-me do céu no colo a oportunidade de ir ao Estádio Almeidão matar as saudades dos velhos tempos, vendo a decisão do 1º. Turno do campeonato paraibano. Era um sábado de Aleluia, e na arquibancada as piadas giravam em torno de temas como “jejum de títulos”, “malhar o judas”, etc. Achei o jogo ótimo, mesmo não tendo gostado de como o Galo se portou. Tendo ganho o primeiro jogo por 3x0, o Treze entrou em campo com aquela postura idiota de quem tenta perder por 2x0 para ficar com o título. No primeiro tempo, levou 40 minutos de sufoco, e só ameaçou duas vezes, no finzinho. No segundo tempo, a mesma coisa.

O Botafogo sofreu o Calvário dos Afobados, dos que têm a obrigação de fazer 3 gols e vão se desesperando a cada chance perdida e a cada minuto mastigado pelo relógio. Quando um time nessas condições perde um pênalte aos 30 minutos de jogo, a vontade que dá é ajoelhar no meio-fio e bater com uma lata na cabeça, não é mesmo? Méritos para o time do Bota, que não se abateu, conseguiu um gol no começo do segundo tempo e chegou a acreditar, com razão, que poderia fazer o placar de que precisava. O gol de empate do Treze decidiu o jogo. O segundo foi só para começar a festa.

O placar moral do jogo teria sido 2x1 para o Botafogo, que atacou mais, demonstrou mais organização em campo, perseguiu o resultado, tomou a iniciativa do jogo em todos os momentos. O Treze teve uma defesa impecável que ganhou 100% das bolas altas e perdeu muito poucas por baixo. O ataque é muito elogiado, mas nesta tarde, pelo que vi, foi uma nulidade. Toquezinho pra lá, toquezinho pra cá, evitando a área como a polícia do Rio evita os morros. Só se salvou o Raphael, que entrou no fim e fez dois gols de artilheiro, de quem pega a bola e emburaca: ”Sai do meio que agora eu vou fazer um gol!”.

O Treze aparentemente queria recuar, chamar o Bota, e decidir o jogo nos contra-ataques. Só que o Botafogo, ao perder a bola no ataque, matava imediatamente a jogada para se recompor atrás, o que lhe valeu alguns cartões amarelos. As virtudes maiores do time do Galo me pareceram a calma, o toque de bola sem afobação, um goleiro seguro, uma zaga quase imbatível (excetuando a incrível pixotada no lance do gol). Faltou um lançador rápido que enfiasse, antes do impedimento, a bola em profundidade que os atacantes esperaram o jogo inteiro.

Treze x Botafogo são o clássico que melhor exprime a rivalidade Campina x João Pessoa, uma rivalidade saudável quando fica apenas no terreno do jogo, da gozação, do “Mas teu time é ruim, Fulano!”. A lamentar alguns arranca-rabos à saída do estádio; será que chegou aqui a praga das pseudo-torcidas que usam a camisa dos clubes como disfarce para brigas de gangs? Em todo caso, eu, que não piso mais no Maracanã nem por um decreto, matei as saudades de um bom jogo de futebol. E o Galo é o Galo, o resto é conversa.

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