Vi uma entrevista do simpático Michael J. Fox no programa de David Letterman. Todo mundo conhece Fox pela trilogia De volta para o futuro. Ele agora está metido numa história de ficção científica verdadeira. Doente há 14 anos com o Mal de Parkinson, está servindo de garoto-propaganda para as instituições e os grupos de pesquisa que trabalham para encontrar uma cura para esta doença. Aparentemente, está resistindo bem. O Mal de Parkinson deixa o sujeito com tremores incontroláveis pelo corpo, e Fox por enquanto dá apenas a impressão de estar um pouco nervoso. Mas o mal é progressivo, e sem retorno.
O retorno pode vir através de pesquisas de laboratório, que possam curar a doença ou pelo menos retardar seu avanço. Aqui entramos noutro tema atual, que é a liberação jurídica para as pesquisas com células-tronco. E não há como não lembrar de outro ator de Hollywood, o super-homem Christopher Reeve, que caiu de um cavalo, partiu a espinha e ficou tetraplégico. Reeve passou seus anos de vida restante (morreu ano passado) fazendo campanha em favor das pesquisas de célula-tronco. E não foram poucos os jornalistas como eu, que têm a obrigação de pegar um mote antes que caia no chão, que escreveram colunas inteiras sobre a ironia daquele situação: o sujeito que interpretou Superman, o homem mais forte do mundo, o homem de aço, o homem que voa... imobilizado numa cadeira de rodas.
Agora a situação se repete meio diluidamente com Michael J. Fox, o rapaz que pegou a máquina-do-tempo, voltou ao passado, paquerou com a própria mãe, inventou o rock, depois voltou ao tempo do faroeste, foi ao futuro... Enfim: permitam-me a liberdade literária de dizer que se existe hoje em dia um sujeito consciente do quanto o Tempo se ramifica em direções opostas a cada decisão que tomamos, esse cara é MJF. E ele está literalmente correndo contra o Tempo, porque Parkinson é uma dessas doenças degenerativas do tipo “devagar e sempre”. Ele recebeu o diagnóstico em 1991, e hoje, perto de fazer 44 anos, continua indo à luta. “É possível descobrir uma cura por volta de 2010”, diz ele, otimista e inquieto.
Quem quiser saber mais pode ir ao saite: http://www.michaeljfox.org/. Há cerca de um milhão de pessoas nos EUA com o Mal de Parkinson, para não falar em outras doenças neurológicas como Alzheimer (que matou Ronald Reagan) ou o Mal de Huntington (que matou Woody Guthrie). É uma pesquisa delicada, porque mexe com o cérebro e o sistema nervoso central, mas é o tipo da coisa em que americano gosta de investir, porque no dia em que descobrirem um remédio o dono dele vai encher o bolso de grana.
É animador saber que a Fundação Michael J. Fox conseguiu, desde o ano 2000, mais de 50 milhões de dólares em doações para pesquisa e desenvolvimento de remédios. Confesso, por outro lado, que é meio desanimador saber que os EUA gastam 4 bilhões de dólares por mês com a Guerra do Iraque.
Sem cogitar Terry Pratchet, autor da série Discworld, que recebeu recentemente um diagnóstico de Alzheimer e desde então atua na arrecadação de fundos para as pesquisas, tendo destinado uma parte de sua própria herança para instituições que buscam a cura do Mal de Alzheimer.
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