Não peça nada a Deus. Seria um contra-senso Deus fazer algo por você. Digamos que o Mundo estava com problemas, pediu a Deus que mandasse algum tipo de ajuda, e Deus mandou você. Agora, é entre você e o Mundo. Te vira, véi.
Não peça nada ao Destino. Esta é uma grave contradição filosófica, daquelas de fazer Aristóteles se revirar na tumba. “Destino” é um futuro que já aconteceu, que não pode mais ser modificado. Não perca seu tempo.
Não peça nada ao Acaso. O Acaso é quem governa este Universo, e é da natureza dele não escutar pedidos, mas aceitar interferências. Interfira, aja, interrompa, redirecione, transforme. O Acaso agradece.
Não peça nada aos Santos. Santo não é quem toma providências: quem toma providências é médico, bombeiro, mecânico, assistente social... Santo é quem sofre sem se queixar. Deixe que sofram em paz.
Não peça nada ao Governo. O Governo é um brontossauro de cinqüenta patas e trinta pescoços, caminhando aos trancos e barrancos através da jângal antediluviana. Esperar dele alguma coisa que se aproveite equivale a subir pela sua cauda e ir morar numa choupana em seu dorso, tentando convencê-lo a seguir no rumo desejado. Esquece. Melhor ir a pé.
Não peça nada aos Bancos. Por definição, Bancos só dão remédio a quem vende saúde, só mandam marmitas gratuitas para os donos de restaurantes, e só oferecem absolvição espiritual aos cardeais do Vaticano.
Não peça nada às Autoridades. Autoridades são programadas apenas para obedecer ordens. Ou você tem cacife pra já chegar falando grosso, ou então é melhor deixar pra lá.
Não peça nada à Mídia. A Mídia acha que o anonimato é contagioso, e que a Fama também. Olhe pra trás, e veja se ela está indo no seu rastro ou não. Problema dela.
Não peça nada à Sorte. Sorte foi feita pra gente abrecar pela abertura, encostar no canto da parede, e dizer a que veio. Se você tiver pegada, a Sorte se derrete todinha.
Não peça nada à Humanidade. Ofereça e faça antes que ela peça. Existe no Universo uma Lei de Conservação da Energia Psíquica. Mais cedo ou mais tarde alguém fará o mesmo com você.
E pronto. Feliz ano novo, bibibi, bobobó. Vá à luta, meu camaradinha. Tá olhando o quê?
Prezado Bráulio,
ResponderExcluirVim para elogiar o seu texto “Ao sabor da medida”, publicado na revista “Língua Portuguesa” e, em encontrando a matéria, fazer referencia no meu blog nas horas e horas e meias.
Não encontrei. Em compensação faz horas que estou aqui lendo os seus ótimos artigos.
Parabéns!
Grande abraço.
Fred Matos.
Olpa, Fred. Obrigado pela leitura. Quanto aos artigos da "Lingua Portuguesa", eles saem apenas na revista. Este blog reproduz apenas (e muito aos poucos, como pode comparar pelas datas) o que pu blico no "Jornal da Paraíba". Mas espero que alguma coisa se aproveite...
ResponderExcluirGenial Bráulio,
ResponderExcluirÉ um prêmio um texto que nos faça pensar logo no início do ano. E este é uma joia mesmo.
Alimenta e areja a mente!
Bacana mesmo!
Abração!
Merlânio Maia