sábado, 29 de março de 2008

0329) A magia de contato (9.4.2004)




Magia de contato é quando imaginamos que dois objetos ou seres que tenham estado em contato muito próximo permanecem ligados de alguma forma, mesmo depois que um vai para um lado, e o outro para outro. 

O exemplo mais comum disto é a importância dada às peças de roupa de alguém para se fazer um feitiço. Se você pega a meia (ou o lenço, ou sei-lá-o-que de Fulano) e utiliza num desses rituais, seja a Magia Negra para prejudicar o cara, seja uma mera simpatia para arranjar casamento, supõe-se que a mágica funciona porque os dois continuam “unidos”. Tudo que acontecer com aquele objeto acontecerá com Fulano.

Existe na Física Quântica um experimento cujos fundamentos técnicos escapam à minha compreensão, mas que imagino poder resumir de maneira adequada. 

É chamado EPR em homenagem aos físicos que o desenvolveram (Einstein, Podolsky e Rosen). 

O sujeito pega duas partículas que estão num estado que se chama “entrelaçado” (“tangled”); neste estado, certos valores numéricos da uma partícula são complementares aos valores da outra, de tal forma que se alterarmos o valor de A o valor de B se altera proporcionalmente. Não importa se uma dessas partículas foi levada para a Lua e a outra permanece na Terra; o que quer que se faça com uma será imediatamente refletido na outra.

Algumas pessoas, ao descrever este processo, o comparam com a conhecida e misteriosa afinidade que existe entre gêmeos idênticos. Mesmo quando são criados desde pequenininhos em cidades diferentes (às vezes até sem saber que têm um irmão gêmeo), esses indivíduos crescem de maneira muito parecida: em alguns casos, seguem a mesma profissão, botam o mesmo nome no cachorro, casam com mulheres muito parecidas uma com a outra. 

Sabe-se também que muitos gêmeos pressentem à distância que algo fora do comum (doença, acidente, etc.) está acontecendo com o irmão.

Quem quiser se aprofundar no efeito EPR pode consultar o artigo bem explicativo de Carlo Orsi Martinho em: http://www.dgz.org.br/dez02/Ind_com.htm

O que me interessa agora é registrar que em domínios completamente diferentes (a Magia Primitiva, a Física Quântica, a Biologia) parece existir um conceito pervasivo, um conceito que se dissemina por todos eles. 

Esse conceito é o de que dois seres ou dois objetos que em algum momento tenham estado ligados de forma muito intensa continuam mantendo, depois de se afastarem, um certo grau de ligação. Como numa liga de metais derretidos, os dois parecem se fundir e se mesclar parcialmente, de tal modo que para onde fôr “A”, estar sempre levando em si uma pequena parte de “B”, e vice-versa. 

O antigo símbolo do Yin-Yang oriental (o círculo dividido entre uma gota branca com bolinha preta e uma gota preta com bolinha branca) talvez seja o registro mais antigo, a síntese mais antiga desta noção que me parece essencial à nossa experiência: a noção de que a individualidade pura não existe, nunca existiu.






2 comentários:

  1. Um outro livro que discute um caminho parecido com esse, embora de um modo muito mais amplo, porque envolve todas as coisas é o Ponto de Mutação, de Fritjof Capra. Parece que cada vez mais estamos unidos de alguma maneira. Será que, somente agora, essa consciência de que eu sou ligado a outra pessoa que, por sua vez, é ligado ao mundo está finalmente tomando forma? Será que a tal era de Aquarius finalmente está chegando?

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  2. algumas teorias meio ousadas dizem que todos nós nascemos telepatas, mas que nos dois primeiros anos de vida somos "desprogramados" da telepatia para absorver a linguagem falada, que é um instrumento mais consensual, mais coletivo.

    Em algumas pessoas, ficam resíduos telepáticos até a idade adulta, ou seja, a capacidade de estabelecer ligações à distãncia com outras pessoas. Bem -- é uma teoria.

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