Quem troca mensagens pela Internet conhece, mesmo que não costume usar, os emoticons, aqueles simpáticos sinais que indicam a intenção emocional da frase ou fazem comentários brincalhões ao próprio texto. Os emoticons também são chamados de “smileys”, aquela carinha básica que é um círculo com dois pontos (os olhos) e uma leve curva (a boca sorrindo), e que é um ícone americano tão típico quanto o poster do Tio Sam (“I Want You”) ou o logotipo da Coca-Cola. O primeiro emoticon foi criado em 19 de setembro de 1982 por Scott Fahlman, numa mensagem para o “bulletin board” da Escola de Ciências da Computação da CMU (Carnegie Mellon University). Fahlman sugeriu os dois emoticons básicos: o que exprime satisfação: :-) e o que exprime desapontamento: :-( O texto desta mensagem original, e o relato do trabalhão que deu para recuperar esta relíquia paleozóica dos primórdios da computação, está em: http://research.microsoft.com/~mbj/Smiley/Smiley.html
Parecia que a coisa ia acabar aí, porque há pouco espaço para variações, mas o fato é que a imaginação humana não tem limites, principalmente quando o sujeito trabalha em escritório e tem um monte de coisas chatas pra fazer. Hoje há centenas de emoticons à solta pelas telas e teclados do mundo. Fazem parte da “linguagem internética”, o código informal posto em prática pelos usuários da Rede. Também fazem parte desta linguagem as abreviaturas que usamos em nossos emails. Pq vc n vem k, pra gt conversar? abs, bt. Há abreviaturas bem mais esotéricas do que estas. Vendo jovens conversando em chat, confesso que às vezes não entendo uma palavra. Outra característica da linguagem internética são os acrônimos, ou siglas que resumem uma expressão mais longa: vai pra pqp, seu fdp.
O interessante é que os emoticons não precisavam da Internet para existir. Os sinais utilizados para criar a maioria deles já existiam nos teclados das paleolíticas máquinas de escrever que usamos desde o século passado: dois pontos, ponto e vírgula, parênteses, aspas, barras, várias letras e acentos... Por que somente com a Internet alguém pensou em usá-los para fazer figurinhas? Podem existir mil razões, mas vou sugerir uma: Era uma situação nova. Vocês não avaliam o bem que uma situação nova faz à criatividade mental. A linguagem datilografada (a burocracia, a correspondência, o jornalismo, a literatura...) estava fossilizada por décadas de manuais de redação e estilo, cursos de datilografia do tipo “asdfg”, regras e mais regras. Quando um sujeito sentava à máquina, estava cheio de implantes mentais sobre como devia usar aquilo. Mas, quando juntaram os velhos teclados aos novos monitores eletrônicos, criou-se uma carga de visualidade diferente daquela do papel em branco. Era um espaço ainda sem dono, ainda a ser desbravado. As msgs tinham que ser curtas, era preciso descobrir, mesmo brincando, mesmo por distração, novas maneiras de abreviar, de sugerir. Um belo dia... heureca! ;-)))
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