domingo, 3 de julho de 2011

2599) A Vida e os Tempos de Rodoval Muçu (3.7.2011)



Cap. 1 – De como Rodoval Muçu nasceu num sítio perto da Fazenda Corrimão (sendo o terceiro de onze meninos), e dos muitos corretivos físicos que seu pai Josué lhe aplicou desde cedo, pelo seu temperamento irrequieto.

Cap. 2 – De como aos cinco anos Rodoval se perdeu no mato durante oito dias e foi dado como morto, mas depois reapareceu milagrosamente, inclusive sabendo ler e escrever sem nunca ter frequentado a palmatória, o que muito maravilhou os habitantes daquele lugarejo.

Cap. 3 – De como Rodoval mais uma vez adiantou-se ao seu tempo, ofendendo aos treze anos uma moça de vinte e dois que declarou em público: “Sem ele não saberei viver”, mas viveu.

Cap. 4 – De como Rodoval caiu numa loca ao perseguir um calango e lá dentro descobriu um corredor secreto que ia dar na despensa da Casa Paroquial, e foi aí que começou sua apreciação dos vinhos finos, dos biscoitos de manteiga, e de certo tipo de romances volumosos e ilustrados que no futuro lhe serviriam de fonte de inspiração.

Cap. 5 – De como o pai de Rodoval Muçu perdeu tudo que tinha numa única noite de jogo no Rambol, foi destituído de seus haveres, conduzido à Casa de Detenção, e forçado a espalhar seus filhos mundo afora para amenizar o prejuízo.

Cap. 6 – De como, em vista disto, Rodoval Muçu entrou para o Seminário, foi expulso do Seminário, entrou para a Marinha, foi expulso da Marinha, entrou para o cangaço, foi expulso do cangaço, e a certa altura concluiu que sair era menos trabalhoso do que entrar, e que não entrar era ainda menos trabalhoso do que sair.

Cap. 7 – De como a sorte de Rodoval Muçu era tanta que ele conheceu num elevador um industrial idoso, rico, desiludido com os filhos, todos eles “uns estrôinas”, disse ele, e que depois de alguns cafés e conversas o velho contratou Rodoval para cuidar de sua correspondência a um salário exorbitante.

Cap. 8 – De como Rodoval Muçu comprou seu primeiro terno.

Cap. 9 – De como Rodoval Muçu aprendeu a jogar pôquer.

Cap. 10 – De como Rodoval Muçu entrou para a auto-escola, e as diversas catástrofes que logrou produzir ao seu redor sempre que tentava atender às ordens esbaforidas do seu instrutor.

Cap. 15 – De como Rodoval Muçu tomou conhecimento, da maneira mais amarga possível, da existência do sistema norte-americano de calcular salários, em base anual, o que acabara gerando um terrível mal-entendido entre ele e seu benfeitor, pois Rodoval havia imaginado que ganharia aquilo por mês, mas era por ano.

Cap. 16 – De como Rodoval Muçu foi demitido de seu cargo, ou demitiu-se, ele mesmo não sabe o que foi decidido ao final da longa discussão em que ele se afobou e jogou o ex-patrão na piscina.

Cap. 17 – De como Rodoval Muçu viu dois emboladores de coco cantando na praça, pediu o pandeiro emprestado, descobriu sua verdadeira vocação, ganhou dinheiro, saiu na televisão, viajou à Europa, construiu uma casa, arrumou um moído com uma viúva e viveu feliz para sempre.

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