domingo, 2 de novembro de 2008

0629) Michael Fox de olho no futuro (25.3.2005)



Vi uma entrevista do simpático Michael J. Fox no programa de David Letterman. Todo mundo conhece Fox pela trilogia De volta para o futuro. Ele agora está metido numa história de ficção científica verdadeira. Doente há 14 anos com o Mal de Parkinson, está servindo de garoto-propaganda para as instituições e os grupos de pesquisa que trabalham para encontrar uma cura para esta doença. Aparentemente, está resistindo bem. O Mal de Parkinson deixa o sujeito com tremores incontroláveis pelo corpo, e Fox por enquanto dá apenas a impressão de estar um pouco nervoso. Mas o mal é progressivo, e sem retorno.

O retorno pode vir através de pesquisas de laboratório, que possam curar a doença ou pelo menos retardar seu avanço. Aqui entramos noutro tema atual, que é a liberação jurídica para as pesquisas com células-tronco. E não há como não lembrar de outro ator de Hollywood, o super-homem Christopher Reeve, que caiu de um cavalo, partiu a espinha e ficou tetraplégico. Reeve passou seus anos de vida restante (morreu ano passado) fazendo campanha em favor das pesquisas de célula-tronco. E não foram poucos os jornalistas como eu, que têm a obrigação de pegar um mote antes que caia no chão, que escreveram colunas inteiras sobre a ironia daquele situação: o sujeito que interpretou Superman, o homem mais forte do mundo, o homem de aço, o homem que voa... imobilizado numa cadeira de rodas.

Agora a situação se repete meio diluidamente com Michael J. Fox, o rapaz que pegou a máquina-do-tempo, voltou ao passado, paquerou com a própria mãe, inventou o rock, depois voltou ao tempo do faroeste, foi ao futuro... Enfim: permitam-me a liberdade literária de dizer que se existe hoje em dia um sujeito consciente do quanto o Tempo se ramifica em direções opostas a cada decisão que tomamos, esse cara é MJF. E ele está literalmente correndo contra o Tempo, porque Parkinson é uma dessas doenças degenerativas do tipo “devagar e sempre”. Ele recebeu o diagnóstico em 1991, e hoje, perto de fazer 44 anos, continua indo à luta. “É possível descobrir uma cura por volta de 2010”, diz ele, otimista e inquieto.

Quem quiser saber mais pode ir ao saite: http://www.michaeljfox.org/. Há cerca de um milhão de pessoas nos EUA com o Mal de Parkinson, para não falar em outras doenças neurológicas como Alzheimer (que matou Ronald Reagan) ou o Mal de Huntington (que matou Woody Guthrie). É uma pesquisa delicada, porque mexe com o cérebro e o sistema nervoso central, mas é o tipo da coisa em que americano gosta de investir, porque no dia em que descobrirem um remédio o dono dele vai encher o bolso de grana.

É animador saber que a Fundação Michael J. Fox conseguiu, desde o ano 2000, mais de 50 milhões de dólares em doações para pesquisa e desenvolvimento de remédios. Confesso, por outro lado, que é meio desanimador saber que os EUA gastam 4 bilhões de dólares por mês com a Guerra do Iraque.

Um comentário:

  1. Sem cogitar Terry Pratchet, autor da série Discworld, que recebeu recentemente um diagnóstico de Alzheimer e desde então atua na arrecadação de fundos para as pesquisas, tendo destinado uma parte de sua própria herança para instituições que buscam a cura do Mal de Alzheimer.

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