sexta-feira, 28 de novembro de 2025

5209) Sou o Trocador de Estrelas Queimadas (28.11.2025)


 

Sou o Trocador de Estrelas Queimadas.
Aquelas de que ninguém sente falta,
mas é preciso manter brilhando, e se esforçar
para que haja um pouco de ordem no Universo.
Na noite seguinte, lá está ela. Triunfando
para ninguém além de si mesma
e deste operário que a trocou.
 
Um coqueiro faltou na praia?
Um colega já vem arrastando outro
pelas enormes raízes. Aos transeuntes
aquilo passa despercebido.
Estão conferindo seus celulares
enquanto nós, os roadies do cosmos,
pedimos licença e vamos passando.
 
Reconstruímos fachadas. Trazemos de volta
a praça omitida, o prédio faltante.
Corrigimos os erros de continuidade
de uma Realidade já de si precária,
e que não resiste a um exame,
a um questionamento,
a um dedo na ferida.
 
A Existência é uma ferida no Nada,
uma chaga que se espalha.
Seus resultados não passam
de balbucios, contradições,
curto-circuitos de incompletude;
mas alguém precisa
todo dia arredondar a Terra,
e encher o mar todas as noites.
 
 


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

5208) "O Agente Secreto" (20.11.2025)

 



Um dos começos mais famosos da literatura é o de L. P. Hartley em seu romance The Go-Between (1953), belamente filmado por Joseph Losey (“O Mensageiro”, 1971).

 

O Passado é um país estrangeiro. Lá eles fazem as coisas de um jeito diferente.

 

O Brasil de 1977 é o país estrangeiro visitado por Kleber Mendonça Filho em O Agente Secreto (2025). É um filme sobre a ditadura militar onde os militares praticamente não aparecem.  E onde se confirma o ditado popular: “O grande problema nas ditaduras nem é o ditador: é o guarda da esquina”. Porque os guardas-da-esquina, percebendo o novo estado de coisas instaurado pela ditadura, passam a adotar seus métodos, em benefício próprio.



Esta premissa é estabelecida na primeira sequência do filme, em que “Marcelo”, o personagem de Wagner Moura, é pachorrentamente achacado por um policial rodoviário, que ignora um cadáver ao lado, exposto aos cães, mas espreme o motorista do fusca até conseguir extrair dele meio maço de cigarros amassados. Não tinha colírio para dizer um “pinga aqui”.

 

Minha sorte foi ter ido ver o filme sem saber nada dele, a não ser um trailer com aquela cena onde um cara aborda Wagner dizendo: “Você é policial?...” “Não, não sou policial.” “Tem cara de policial. Como é seu nome?”  “Marcelo.” “Marcelo de que?” “Alves.” “Nome de policial.” “Eu não sou policial.”



(Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho)

 

Já li uma porção de textos sobre o filme, e algumas centenas de comentários. Percebo que muita gente acha o filme “lento”, acha que as coisas demoram a acontecer... Marcelo é um cara que está se escondendo, isso fica claro desde cedo. E em termos dramatúrgicos é importante (penso eu) que a gente só vá saber exatamente quem é ele, e por que se esconde, lá para uma hora de filme.

 

O escondimento é o traço principal do personagem. E do ambiente onde ele, por isto mesmo, vai parar.

 

Marcelo vai morar num pequeno prédio, num daqueles edifícios tão palpáveis, tão reais, de que a cidade cinematográfica de Kleber está cheia (O Som ao Redor e Aquarius, principalmente, são filmes sobre prédios, vizinhanças, espaços de moradia, e mostram formatos arquitetônicos subliminarmente recifenses e brasileiros).



É o prédio dos refugiados, o prédio das histórias pela metade. Há alguns angolanos fugidos da guerra civil. A moradora anterior do apartamento foi assassinada pelo marido. Ninguém comenta. Sabe-se das histórias a meia-boca, um pedaço aqui, outro ali.


É tempo de meio silêncio,

de boca gelada e murmúrio,

palavra indireta, aviso

na esquina. Tempo de cinco sentidos

num só. O espião janta conosco. (...)

No beco

apenas um muro

sobre ele a polícia.

No céu de propaganda

aves anunciam

a glória.

No quarto,

irrisão e três colarinhos sujos.

(Carlos Drummond, "Nosso Tempo", em "A Rosa do Povo", 1945)


O poema de Drummond é do tempo da ditadura Vargas. Quando acontecem os fatos de O Agente Secreto, esse já era um passado distante, mas... e daí?  Disseram uma vez a William Faulkner que parasse de falar do Passado, que o Passado tinha morrido, e ele respondeu: “O Passado não morreu. Na verdade, ele nem sequer passou.”

 

Cada onda ditatorial que varre o país e vai embora deixa atrás de si lembranças, respostas, atitudes. Entre elas, o escondimento, a meia-palavra, a história mal-contada, a versão incompleta, o documento com linhas inteiras borradas em tinta preta. (E, como consequências colaterais, as Lendas Urbanas e as Teorias da Conspiração.)




O escondimento é o traço principal da uma época de repressão, de perseguições gratuitas, de vendetas pessoais que ficam impunes. Uma época em que um presidente da República tinha um AVC, ficava inválido, e a imprensa não podia noticiar. Ou em que um dos jornalistas mais conhecidos da grande imprensa era “suicidado” e ninguém podia escrever a respeito. Tudo se esconde, se deixa não-dito, vai para baixo do tapete. E depois, se esquece. O esquecimento é também uma forma de esconder alguma coisa.

 

Embora Armando-Marcelo possa ser visto como herói ou como vítima, ele é um personagem que tem lá suas transversais. “Eu sei usar um martelo”. Ele seria capaz de se vingar brutalmente do homem que o persegue, se tivesse a chance. E no momento de confessar isso, ele desliga o gravador, usa a seu favor o direito à censura, ao ocultamento.

 

Ele traiu a esposa Fátima, quando ela era viva? O pai dela lhe pergunta a certa altura: “Quando minha filha estava viva, você raparigou?”. Armando é um rapaz direito. Não custava nada mentir: “Que é isso, Seu Alexandre, eu sempre fui 100% fiel a Fátima”. Mas ele dá um drible de corpo atrás do outro e tenta mudar de assunto. É um rapaz direito, e não quer mentir, mas provavelmente raparigou.

 

Já os policiais... Há algo de vingativo no incômodo realismo com que eles são retratados. Aquela polícia civil de peixes-miúdos, da lumpen-direita, aquele exército anônimo de homens rancorosos, covardes, defendendo-se mediante uma jovialidade excessiva, agregando-se em pequenas máfias de mútuo apoio para descolar uma propina ou um cala-a-boca. Sabem-se fracos e por isso apegam-se a quem detém o Poder. Serviram a ditadura militar, e se aqui porventura baixasse um dia uma ditadura comunista, seriam eles os primeiros à sua porta, ansiosos para prender e matar em nome dela.


 

E os pistoleiros terceirizam tudo. O Brasil é sempre o país da violência terceirizada: cada encarregado de um crime embolsa o dinheiro, e paga uma fração desse cachê a outro, que passa a outro, até chegar num peixe-miúdo que não tem para quem passar adiante, e que de alguma maneira não faz aquilo só por dinheiro, ou por ódio pessoal: faz pelo prazer de matar, de dizer “fui lá e fiz, sou foda”.

 

Tenho visto algumas queixas em relação ao filme, e muitas poderiam ser traduzidas assim: “Eu fui pensando que era um filme tipo espionagem, mas é um filme sobre um cara assustado, que não reage, não faz nada, fica fugindo o tempo todo...” Talvez o título tenha a ver com isso. Eu gosto do título, mas para o público em geral talvez “venda a idéia” de um filme jamesbondiano.



Um dos cartazes do filme tem três rostos de Wagner Moura, que interpreta, na verdade, três personagens. 

Armando é o barbudo e cabeludo, o pesquisador de universidade pública que encara os poderosos, não leva desaforo pra casa e acaba dando murro em ponta de faca. 

“Marcelo”, de bigodinho e cabelo curto, o gato escaldado, calmo por fora, mas por dentro sempre em guarda, fugido, refugiado, sem ter a quem apelar. 

E Fernando, o filho, clean-cut kid, reservado, distante, comentando mais sobre os avós paternos do que sobre os pais, e diz à pesquisadora, sem espanto: “Você lembra do meu pai mais do que eu”. Ele está em paz, sereno, simpático, rosto limpo, jaleco branco. Ele é uma casa bacana construída em cima de um sumidouro.





sexta-feira, 14 de novembro de 2025

5207) Quem é Susan? (14.11.2025)



 
É um meme que circula por aí há muito tempo, e cada ver que emerge na tela eu solto uma gargalhada. O texto é em inglês. Alguém aplica uma prova para crianças, com problemas simples de Matemática. 
 
O problema destacado na foto diz: 
 
Jane tem 12 lápis, e Kim tem 7 lápis. Quantos lápis Susan tem a mais do que Kim? 
 
E no espaço para a resposta a criança escreveu: 
 
Quem é Susan? 
 
Este pequeno episódio gera tantas idéias que chega dá uma vertigem. 
 
A primeira coisa que me ocorre é: a resposta da criança foi considerada certa? A criança perdeu o ponto? Sei de muitos colégios, e já vi muitos exemplos, em que uma criança questiona uma pergunta-de-prova. Questiona de uma maneira totalmente aceitável, mas perde o ponto e ganha uma repreensão. 
 
(O que, no-fundo-no-fundo, é muito mais educativo do que passar-lhe a mão na trunfa e proclamá-la inteligentinha. A punição por questionar a autoridade avisa: “Filhota, o mundo funciona assim, caia na estrada e perigas ver.”) 
 
A segunda coisa é a pena que eu tenho da professora que elaborou a prova. Esse texto deve ter sido preparado tarde da noite, após um dia estafante, um jantar conflituoso ou às pressas, uma pilha de provas para corrigir, outra prova para preparar, e chega um momento em que as perguntas envolvem tantas “Susans” e “Marys” e o escambau... Não há como não errar, e como não ter pena de quem erra. 
 
A terceira coisa é a quebra existencialista. A criança está crescendo, aprendendo a ler, a escrever, a fazer contas, e é nesta fase que começa a ser-lhe vendido, em suaves e eternas prestações, o enorme Falso Bilhete Premiado da Loteria que é a entrada no mundo adulto. “Estude, pra se formar, arranjar um bom emprego, ganhar dinheiro e casar.” E a venda desse bilhete depende terrivelmente da idéia de que a vida é bela, o mundo é justo, o país vai pra frente, a felicidade é para todos, a honestidade é recompensada... 
 
Enfim: é uma cartela inteira de bilhetes que a criança está comprando com seu esforço. 



 
E de repente, no meio daquilo, aparece o equivalente à cara de um palhaço estirando a língua, botando os polegares nos ouvidos e agitando os dedos. Tem um erro na prova. A realidade está bugada. O mundo é falso. Os professores erram. Os padres pecam. Os jornalistas mentem. A polícia comete crimes. 
 
Quem é Susan? 
 
Esta Susan invisível e intrusa é o sexto lado do Pentágono, a terceira margem do rio? Algo que não podia existir, mas está ali? 
 
Por trás de uma contazinha aritmética inofensiva (12 – 7 = 5) foi introduzida uma serpente daninha e perniciosa no Éden da Matemática: o elemento humano. Enquanto se tratasse apenas de Jane e de Kim, que por definição já faziam parte do problema, tudo se resumia a fazer as contas, de forma impessoal e não-envolvida. Você tem tantos, e você tem tantos. Mas de repente aparece um nome não previsto na equação. Um elemento humano intruso, não-convidado, que não estava na ficha técnica do mundo. 
 
Os problemas escolares de Matemática são assim: não admitem o elemento humano, que está ali só para ilustração. “Joãozinho comprou 50 melancias na feira, mas no trajeto perdeu 8; quantas melancias Joãozinho trouxe para casa?...” Ninguém ousará perguntar: “Mas para que Joãozinho queria tantas melancias? E ele estava sozinho? Ele trouxe as melancias num carrinho, num táxi, num cesto?...”  Essas questões são proibidas. A única função da existência do hipotético Joãozinho é ajudar a entender que 50 – 8 – 42. 
 
Quem é Susan? 
 
Susan é um clinâmen, um salto quântico inesperado, uma mutação não prevista. Alguém que não estava nos cálculos mas de repente irrompeu problema adentro, estraçalhando tudo com sua existência intrusa. 
 
É o “J. Pinto Fernandes” que não estava na história mas chega de repente e arrebata consigo a sapeca Lili, no poema de Carlos Drummond (“Quadrilha”). 
 
Ou então é alguém parente do sujeito que vai passando na rua e alguém lhe grita: “Manuel, tua mulher está passando mal na tua casa em Niterói!...” e ele dispara na carreira, pega um táxi, e quando está no meio da ponte pensa consigo: “Mas... espere aí... eu não me chamo Manuel, eu sou solteiro, e eu não moro em Niterói!...”. 
 
Georges Perec (a quem devo a dica do conceito de clinâmen, já comentado aqui no blog) dizia que o uso de uma “contrainte” na literatura, ou seja, o uso de uma regra auto-imposta pelo autor, deve sempre permitir uma exceção. O sujeito pode dizer: “Vou escrever um texto em que todas as palavras começam pela letra C”, e ele deve ser capaz de obedecer a essa regra; mas no final, depois do texto impecavelmente pronto, ele deve (diz Perec) inserir discretamente, sutilmente, uma palavrinha que não obedece à regra. Uma exceção proposital, que ele poderia perfeitamente ter evitado. Por que? 
 
Veja aqui:
https://mundofantasmo.blogspot.com/search/label/clin%C3%A2men
 
Respondo: para contaminar de realidade e de imprevisto esse “constructo” artificial que é a literatura. Para contar (digamos, hipoteticamente) a história completa da família Buendía, com seus prenomes maniacamente repetidos, mas poder, a certa altura, dizer algo como: 
 
Nesse instante, bateram na porta da frente, a avó Úrsula disse: “Aureliano, tem gente batendo, vá ver quem é”. Aureliano abriu a porta para uma moça loura, de olhos azuis. “Quem é a senhorita?”, perguntou. E ela disse: “Eu sou Susan”. 

 




 
 




sexta-feira, 7 de novembro de 2025

5206) As Filmagens Redescobertas (7.11.2025)




O conceito de “found footage”, que traduzo aqui por “filmagens redescobertas”, é um tema recorrente na ficção, tanto a realista quanto a fantástica. Implica na descoberta, ou redescoberta, de algum tipo de material filmado algum tempo atrás e que estava desaparecido, ou por alguma razão era conhecido por poucas pessoas. 
 
As variações são muitas. O que importa é que este subgênero narrativo se alimenta de um certo fetichismo cinéfilo por material filmado, algo que já existia mas não era conhecido.  Algo que era fisicamente real, mas não fazia parte da “realidade consensual”, da consciência coletiva de um grupo, um país, etc. 
  
Às vezes é a obra de um diretor obscuro, filmes que foram exibidos para platéias obtusas ou indiferentes, e que somente anos depois alguém assiste a sério e percebe conter implicações mais sombrias. 



É o caso de Flicker (1991), romance de Theodore Roszak (aquele mesmo que escreveu o clássico A Contracultura). Alguém começa a ver os filmes de um diretor de filmes B de terror e descobre ali uma conspiração internacional e maligna, mistura de Dan Brown com H. P. Lovecraft. 
 
Redescobertas desse tipo recorrem a um tema dos mais interessantes da narrativa de ficção: o de que o Passado às vezes nos reserva mais surpresas do que o Futuro. 
 
Há fragmentos do Passado que a maioria de nós desconhece, mas no momento em que se tornam conhecidos mudam radicalmente a nossa maneira de enxergar não só o Passado, mas o próprio presente. São revelações que mudam nossa visão do mundo. 



O filme inglês LOLA (A Máquina do Tempo), de Andrew Legge (2022), é uma experiência curiosa de ficção científica e filmagem redescoberta. Sua premissa narrativa é de que por volta de 1938 duas moças inglesas órfãs, filhas de um casal de cientistas, inventam uma máquina de espiar o futuro, captando as transmissões de rádio e TV de meses ou anos à frente. 
 
Como elas têm câmeras portáteis em casa, e gostam de se filmar uma à outra, o filme é narrado a partir dessas cenas. (Com som direto, meio improvavelmente, mas tudo bem.) 




De início as moças se limitam (de um modo muito divertido) a ficarem fãs de David Bowie e do rock em geral. Mas começa a II Guerra, começa Blitz nazista contra Londres, elas se dão conta de que podem captar transmissões de rádio do futuro e avisar onde as bombas vão cair. Não conseguem evitar o bombardeio – mas avisam as pessoas, e salvam vidas. 
 
Passam a trabalhar em conjunto com as forças armadas britânicas, uma delas se apaixona por um oficial (e é correspondida), mas daí a pouco elas percebem que algumas de suas interferências estão de fato alterando o curso do tempo. Porque quando elas saltam para o Futuro mais afastado (ou seja, a década de 1970) David Bowie não existe mais – quem está em seu lugar nas paradas é um roqueiro de extrema-direita, com canções tipo “The Sound of Marching Feet”. E então começa o pesadelo. 
 
O filme está no streaming do “Belas Artes À La Carte”, do qual sou freguês. 



Filme de filmagens redescobertas, no entanto, precisa ter uma estética particular – e nesse sentido é possível ver variações interessantes, principalmente em filmes fantásticos ou de terror, como A Bruxa de Blair (1999), Cloverfield (2008) e tantos outros. 
 
LOLA é um excelente exemplo da estética-do-fragmento que esses filmes exploram. Porque uma filmagem redescoberta nem sempre é de um filme completo, editado, pós-produzido, lançado comercialmente. É sempre um rascunho cinematográfico, um esboço, um conjunto de tentativas que ficaram pelo meio do caminho. 
 
LOLA não faz muito esforço para eliminar este aspecto, pelo contrário, aposta nele. A história é contada aos solavancos, de um modo ziguezagueante, cheio de falsos começos, interrupções, repetições, ações que nunca se concluem...  



(LOLA: Emma Appleton, "Thom", e Stefanie Martini, "Mars")
 

Eu gosto de narrativas assim, mas sei o quanto é difícil fazer o público-em-geral aceitar.
 
É preciso ir montando mentalmente o quebra-cabeças da sequência de acontecimentos, mas neste sentido o roteiro (do diretor Legge e Angeli Macfarlane) é muito bem amarrado, mesmo quando a narrativa parte para o território do improvável. Há uma sequência lógica nos fatos; o diálogo fornece a informação complementar. 
 
Neste aspecto, LOLA exige tanto esforço mental (ou menos) quanto um filme de super-heróis qualquer – só que está sendo contado em outro idioma, que é preciso aprender a dominar enquanto se assiste.