Os derradeiros despojos da ficção científica dos Estados Unidos foram repartidos entre a Disneylândia e o Pentágono.
São três robozinhos exploradores dos resíduos da civilização humana. Ficaram como uma espécie de personagens-símbolo da série. Diálogos curtos e ferinos, mostrando as razões do fracasso do processo civilizatório no planeta Terra, fracasso que já em 2022 era irreversível e de conhecimento público, mas, fazer o quê? Fazer humor, melhor que nada.
Um monstro meio crustáceo-antropófago se apodera de um navio e sequestra a tripulação. Uma narrativa totalmente noturna e dark, que não tem nada de mais mas acaba se destacando por sua ambientação marítima e retrô, fugindo ao tom de space opera da maioria dos episódios da série.
Uma astronauta “naufraga” num satélite e precisa aproveitar o oxigênio da companheira que morreu no acidente, enquanto atravessa a pé um deserto e se enche de drogas para manter-se viva. Visões alucinógenas, comunicação telepática... uma daquelas “robinsonadas” da FC, pessoa sozinha tentando sobreviver em meio hostil.
Um dos melhores episódios, descrevendo a escalada gradual (mas acelerada) de um apocalipse zumbi que começa no cemitério de uma cidade e acaba se espalhado pelo planeta. O uso permanente da imagem distanciada é um recurso simples mas muito eficaz. A narrativa é tão acelerada quando a ação. Lembra o episódio “Ice Age” da 1ª. temporada, em que toda uma civilização se desenvolve e se auto-destrói em poucos dias, no freezer de um casal.
Um fucking team de soldados armados até os fucking dentes enfrenta na floresta um fucking urso-cyborg criado pela CIA, numa orgia de disparos, rajadas e fucking explosões. Uma prova de que as armas de fogo não passam de um substituto-potencializador da ejaculação masculina (ou pelo menos é isso que um personagem dá a entender, lá na fucking linguagem dele).
Ep. 6 – “Swarm”, de Tim Miller, bas. em Bruce Sterling
É a única história desta série que eu já conhecia, baseado num dos contos mais intrigantes de Sterling (1982; no livro Crystal Express, 1989), da sua série “Shaper/Mechanist”. Cientistas humanos mergulham num mundo subterrâneo (ou subaquático?), comunicando-se com espécies alienígenas através de feromônios. Não reli o conto, não sei até que ponto o enredo se mantém, mas a estranheza do ambiente e dos seres é muito bem reconstituída. A animação a serviço da imaginação pura, cheia de alusões e de subtextos biológicos. Um dos melhores episódios desta série.
Um fazendeiro precisa de livrar de uma praga de ratos mutantes,
inteligentes, e recorre a um vendedor de armamento de extermínio high-tech. Desgraça vai se amontoando
por cima de desgraça, enquanto ele é forçado a comprar armas cada vez mais
sofisticadas e mais caras, que fazem os ratos evoluírem milênios em questão de
dias. O fazendeiro começa a ficar de saco cheio com aquilo, e a ter idéias.
Ótimo episódio de tiroteio, com humor e criatividade.
Outra fucking aventura de um fucking grupo de super-soldados invadindo uma caverna protegida por enxames (?) de fucking aranhas metálicas antropófagas. Os sobreviventes acabam tendo acesso a um fucking templo megalítico subterrâneo, onde (depois que a munição deles se esgota) uma fucking criatura lovecraftiana os hipnotiza e pede para ser libertada. Fuck.
É o episódio mais enigmático e elusivo de todos, mostrando um grupo de guerreiros numa floresta sendo atraídos a um lago por uma aparição feminina que lembra um destaque de Escola de Samba e que causa um morticínio geral. Faço piadas, mas o episódio tem uma belíssima sucessão de imagens, tem uma narrativa puramente visual que lembra em alguns momentos o ritmo “aos solavancos” dos videogames, e nele a violência é um elemento, apenas, numa mandala narrativa de mitologia e mistério. O diretor Mielgo (ao que parece, autor do argumento) já havia apresentado, na temporada 1, o episódio “The Witness”.