A morte anda solta, ceifando gente da música popular, e nos
últimos dias, por enquanto, lá se foram o grande jazzista Ornette Coleman, o
poeta do Clube da Esquina, Fernando Brant, e o guitarrista Ivinho, do
Recife. Falarei um pouco, então, sobre
o menos famoso dos três.
Ivinho surgiu para nós-o-público ao tocar sozinho no
Festival de Montreux, na Suíça, no seu velho violão de 12 cordas com o tampo
quebrado, produzindo longos improvisos como as 23 minutos estonteantes de
“Partida dos Lobos” (aqui: http://tinyurl.com/odgrtuj)
onde se sucedem ponteados nordestinos, frevo, temas de flamenco, riffs
roqueiros, o escambau. (Saiu depois em disco; está em mil lugares na web.) Ele
se tornou um dos músicos geniais que acabaram meio que pirando, como Lanny
Gordin (o guitarra-chefe do Tropicalismo) e Arnaldo Baptista, dos Mutantes,
para não falar em Brian Jones (Rolling Stones), Syd Barrett (Pink Floyd) e mil
outros que chegaram perto demais do fogo que os aquecia.
Fez parte da geração psicodélica da música recifolindense,
que incluía bandas como Ave Sangria e Batalha Cerrada, e malucos geniais como
Lula Cortes, Lailson, Marconi Notaro, Marco Polo, Flaviola e tantos outros. O
espesso caldo cultural de onde emergiram nomes como Alceu Valença, Geraldo
Azevedo, Zé Ramalho, Robertinho do Recife. Todos reproduziam o clima
maluco-beleza da época e cada um tinha um perfil único.