& escrever uma prosa que se choca com o osso e nem toca a pele & tem pessoas que tratam a gente como poupança, na hora em que precisar sabe que vai ter & as grandes cidades estão cheias de viajantes-no-Tempo analfabetos, em busca de emprego & nenhum aprendiz deixa de ser aprendiz quando se torna um mestre & o pulo do gato o leva à terceira margem do rio, assim como o salto do cavalo o liberta da Planolândia & os idealizadores dos bulevares temiam a guerrilha em surdina e não contavam com o estouro do vândalos & o mundo piscou o sol e de repente era outro dia & o alquimista está para a Química assim como o físico quântico está para a Física & torcer contra a Copa e torcer pela Seleção exigem que o cérebro vire um anel-de-Moebius & tem gente que pega o ônibus errado e fica teimando que o motorista não sabe o caminho & um aborígene reunindo toda sua coragem e bebendo da água de um poço ainda sem nome & o cinema é a domesticação do relâmpago & tenho medo de qualquer animal pequeno demais para eu montar nele & um casal são dois abismos abraçados, cada um com medo de cair dentro do outro & tem gente que brada pela ética, considera o dever cumprido e cai na gandaia & melhor do que ser titular é ser o reserva que entra no fim e decide & “catarse” é quando todos os espectadores de uma peça de teatro assoam o nariz ao mesmo tempo & tem aumentado a demanda de perucas com cérebro acoplado & tão mal camuflado quanto um submarino amarelo & preciso de um espelho quebrado que todo dia de manhã faça jus aos meus cacos & a aparência é uma parte da essência, mesmo quando se esforça para ser seu contrário & há momentos em que o equilíbrio geral de uma situação importa mais do que a aplicação localizada de uma virtude qualquer & quando a gente vê alguém que sempre acerta começa a achar que ele acerta sempre & simbolismo é ver uma imagem extraordinária e usar a retórica para transformá-la num conceito banal & um rio é tudo quanto acontece entre a nascente e a foz & eita, Brasil, parece que vem por aí mais meio século de divã & como diria Neném Prancha, pena de morte é uma coisa tão séria que o carrasco deveria ser o Presidente da República & o mundo é um oceano de idéias esperando que a gente abra os olhos e os ouvidos para invadir a mente & a Pátria é a peleja dos sem teto contra os sem limite & se bons sentimentos produzissem boa literatura minha avó tinha ganho um Prêmio Nobel & imaginei um exército de galinhas carnívoras e pensantes adentrando a cidade, e desimaginei rapidinho & tem veneno que você só percebe quando toma a derradeira dose &
Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
3795) Contracapa de Instagram (23.4.2015)
& escrever uma prosa que se choca com o osso e nem toca a pele & tem pessoas que tratam a gente como poupança, na hora em que precisar sabe que vai ter & as grandes cidades estão cheias de viajantes-no-Tempo analfabetos, em busca de emprego & nenhum aprendiz deixa de ser aprendiz quando se torna um mestre & o pulo do gato o leva à terceira margem do rio, assim como o salto do cavalo o liberta da Planolândia & os idealizadores dos bulevares temiam a guerrilha em surdina e não contavam com o estouro do vândalos & o mundo piscou o sol e de repente era outro dia & o alquimista está para a Química assim como o físico quântico está para a Física & torcer contra a Copa e torcer pela Seleção exigem que o cérebro vire um anel-de-Moebius & tem gente que pega o ônibus errado e fica teimando que o motorista não sabe o caminho & um aborígene reunindo toda sua coragem e bebendo da água de um poço ainda sem nome & o cinema é a domesticação do relâmpago & tenho medo de qualquer animal pequeno demais para eu montar nele & um casal são dois abismos abraçados, cada um com medo de cair dentro do outro & tem gente que brada pela ética, considera o dever cumprido e cai na gandaia & melhor do que ser titular é ser o reserva que entra no fim e decide & “catarse” é quando todos os espectadores de uma peça de teatro assoam o nariz ao mesmo tempo & tem aumentado a demanda de perucas com cérebro acoplado & tão mal camuflado quanto um submarino amarelo & preciso de um espelho quebrado que todo dia de manhã faça jus aos meus cacos & a aparência é uma parte da essência, mesmo quando se esforça para ser seu contrário & há momentos em que o equilíbrio geral de uma situação importa mais do que a aplicação localizada de uma virtude qualquer & quando a gente vê alguém que sempre acerta começa a achar que ele acerta sempre & simbolismo é ver uma imagem extraordinária e usar a retórica para transformá-la num conceito banal & um rio é tudo quanto acontece entre a nascente e a foz & eita, Brasil, parece que vem por aí mais meio século de divã & como diria Neném Prancha, pena de morte é uma coisa tão séria que o carrasco deveria ser o Presidente da República & o mundo é um oceano de idéias esperando que a gente abra os olhos e os ouvidos para invadir a mente & a Pátria é a peleja dos sem teto contra os sem limite & se bons sentimentos produzissem boa literatura minha avó tinha ganho um Prêmio Nobel & imaginei um exército de galinhas carnívoras e pensantes adentrando a cidade, e desimaginei rapidinho & tem veneno que você só percebe quando toma a derradeira dose &