Anos atrás lançaram um livro de divulgação científica (acho que era de Isaac Asimov) intitulado Escolha a Catástrofe. Cada capítulo tratava de uma forma possível para o fim do mundo: guerra nuclear, choque com asteróides, elevação dos oceanos, etc. Ando curioso para saber se o tal livro previa uma possibilidade que agora reencontro a todo instante na imprensa: o Apocalipse do Metano.
Meu conhecimento de química é zero. Se eu falar alguma
barbaridade não me execrem, mas como parte da opinião pública tenho o direito
de compartilhar as razões da minha insônia. O metano é uma delas. Quantidades
absurdamente grandes desse gás estão acumuladas no subsolo e nas águas. Em
muitas regiões, principalmente em volta do Ártico, o gás está confortavelmente
represado abaixo de uma espessa camada de gelo, que não o deixa escapar. O problema é que com o aquecimento global o
gelo (ou, mais tecnicamente, a camada de permafrost, “solo permanentemente
congelado”) está se adelgaçando. Quanto mais fina fica, mais sujeita fica a uma
quebra, que deixaria escapar uma grande quantidade de gás, numa explosão de
baixo para cima.
Não é outra (li por aí) a origem daqueles misteriosos
buracos que estão aparecendo na Sibéria, com dezenas de metros de diâmetro e
uma fundura a perder de vista. O metano está comprimido, querendo escapar, e em
qualquer ponto onde a barreira enfraqueça ele pipoca com gosto de gás. Há
poucos anos vi um documentário sobre isto no The History Channel (OK, concordo
que é um canal meio sensacionalista). A catástrofe me pareceu tão iminente que
me desencadeou uma crise aguda de ternura pela humanidade e amor à existência.
Abracei todo mundo da minha família, telefonei para amigos que não via há anos,
comecei a me despedir da vida.
O metano me poupou, mas não sei até quando, principalmente
depois de ver essa entrevista de uma cientista, que me pareceu bastante
pessimista, até que comecei a escutar os apartes de um colega dela na platéia,
que a achava otimista demais. (Veja aqui: http://tinyurl.com/n6ds54b).
“Poucas décadas” é o tempo de vida que resta à humanidade, segundo eles, se for
liberado apenas 1% (um por cento) do metano represado embaixo da terra.