O artigo, de Galya Diment, saiu no número de dezembro do New York Magazine, mas o vi na publicação online Vulture (em: http://vult.re/I7E5CF). Vejam só se não deixa a gente com a orelha na frente da pulga.
No final de 1953, a editora da revista The New Yorker,
Katharine White, recebeu uma carta de Vera, a esposa de Vladimir Nabokov,
avisando que o marido tinha terminado seu romance mais recente e queria
mostrar-lhe o texto, para possível publicação de um ou dois capítulos na
revista. Uma forma de publicidade muito comum no jornalismo literário, ainda
hoje. Mas ela se recusava a mandar o manuscrito pelo correio, porque “algumas
coisas tinham que ser explicadas pessoalmente.”
O livro em questão era Lolita, que Nabokov queria publicar sob pseudônimo, pois sua posição como
professor (e russo, ainda por cima) o deixava numa situação frágil para
publicar um romance que poderia ser acusado (como acabou sendo) de apologia ao
amor pedófilo.
White não leu o livro. O ano de 1954 foi de idas e vindas do
manuscrito a editoras que o elogiavam e recusavam. Ninguém queria se envolver
com o que o autor alegava seu “o melhor livro que já tinha escrito em inglês”.
Nesse vai-e-vem o livro foi parar na mão de Edmund Wilson
(autor de O Castelo de Axel), amigo de Nabokov, que, contra suas instruções,
o deu a ler para vários amigos. Entre eles (é Galya Diment quem supõe) talvez
estivesse Dorothy Parker (1893-1967), a poetisa e escritora (Big Loira, etc.)
sobre quem já escrevi nesta coluna.
Por que? Porque em agosto Dorothy publicou
em The New Yorker o conto “Lolita”, a história de um homem de trinta anos que
se envolve com uma mulher adulta e sua filha adolescente, que tem esse nome.
Coincidência? Foi essa a pergunta que Nabokov fez numa carta à editora da
revista, a qual, rabugenta, respondeu que se havia plágio talvez fosse dele
imitando a história de Dorothy Parker.
Que
ela, aliás, resenhou positivamente quando ele saiu nos EUA em 1957, dizendo: “É
no plano da escrita que Mr. Nabokov transforma o livro numa obra de arte. Seu
domínio da linguagem é absoluto, e seu Lolita é um belo livro, um livro
notável... está bem, está bem – um grande livro.”
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