Num debate recente no VII Fantasticon, em São Paulo,
juntamente com Manuel da Costa Pinto, o escritor Ignácio de Loyola Brandão
recordou os anos em que foi editor da revista Planeta, a grande divulgadora
do realismo fantástico no mundo ocidental. Como lembro Loyola, a edição
original francesa (Planète), surgiu em consequência do enorme sucesso do
livro O Despertar dos Mágicos de Pauwels & Bergier (1960), livro que
abordava temas obscuros como alquimia, holística, ocultismo, cabala, etc. No ano seguinte os autores criaram a Planète, que em seu pico de vendagem chegou a mais de 100 mil exemplares.
Loyola comentou que, na época, era editor da revista Cláudia, onde publicava textos sobre moda, decoração, beleza, etc. Quando lhe
ofereceram pilotar a edição brasileira da Planète, mesmo ganhando menos, não
hesitou. Segundo ele, o número 1 da revista (que era mensal) teve tiragem de 20
mil; o 2, de 30 mil; o 3, de 40 mil. Com
poucos meses a revista atingiu e manteve um pico de vendagem de 120 mil cópias
por mês, comparável à da edição francesa. Diz Loyola que houve um fato curioso:
quando a Planeta pôs Chico Xavier na capa, no número seguinte a vendagem caiu
para 70 mil, e foi preciso um longo tempo para voltar ao patamar anterior.
Sinal de que? Segundo ele, um certo preconceito contra o espiritismo, na época.
(E eu digo: se fosse hoje, com o recrudescimento da pregações religiosas, Chico
Xavier faria aumentar a circulação da revista – que aliás ainda existe, só que
noutro formato, e com uma orientação místico-religiosa totalmente diferente).