terça-feira, 3 de setembro de 2013

3281) VIII Comunicurtas (3.9.2013)




Estive em Campina Grande para participar como jurado da oitava edição do Comunicurtas. É um festival de curta-metragem idealizado e organizado por André da Costa Pinto, com a ajuda de um exército de jovens voluntários que na noite final subiram ao palco para uma foto que, ao que parece, tornou-se de praxe na noite de encerramento. Ao som do Regional de Duduta, dezenas de rapazes e moças riram e acenaram para um Teatro Municipal repleto que os aplaudia.

Na quinta-feira, aconteceu uma reunião do Forum do Audio-Visual da Paraíba, com a presença do Secretário de Cultura, Chico César. Longas (e espero que proveitosas) discussões sobre a necessidade de apoio do Governo a quem faz cinema e vídeo independente no Estado. É a eterna (e necessária) contradição da vida cultural.  De um lado, o fato de que o dinheiro público existe e precisa ser devolvido à população sob a forma de incentivo aberto a todos. Do outro, o fato de que se formos ficar eternamente esperando pelos Governos vamos virar esqueletos de pires na mão à beira do caminho, e que é preciso, sempre, começar a fazer as coisas de graça, sem condições, na base do entusiasmo, senão... nada acontece.

Os filmes e vídeos inscritos mostram imaginação nos roteiros, cuidado na execução, propostas narrativas ousadas. Fotografia e montagem/edição estão num nível muito alto. Não falarei aqui dos filmes premiados; a lista deve ser postada no saite do Festival (http://comunicurtas.com.br/) assim que a galera se recuperar da ressaca. Vivo sempre sonhando com o que Drummond chamou uma vez “o fim sem a injustiça dos prêmios”. Prêmio só tem importância quando a gente ganha. Se a gente não ganhou, é melhor fazer de conta que o prêmio nem existe. Fazer filme pensando em prêmio é perder o foco no filme. Quando o prêmio acontece, ajuda; mas, se não acontece, não devemos permitir que isso atrapalhe.

Nunca vi um momento tão positivo para o cinema de Campina Grande, que reflete e amplia, nestes últimos anos, o bom momento que o cinema da capital vem atravessando há mais tempo. Isto para não falar no pipocar de cineclubes e de produção independente em muitas outras cidades do interior. O que falta é multiplicar as opções de exibição (p. ex.: restauração e reativação de antigos cinemas, com programação variada), os cursos e oficinas, os editais voltados para a produção, os festivais e mostras. Parece que finalmente estamos saindo da época do “cinema espiritual” (filmes imaginários contados em voz alta nas mesas de bar) e entrando na fase mais sofrida (porém mais proveitosa) da produção de filmes de verdade, exibidos para platéias de verdade e produzindo consequências de verdade.