Na Bíblia, as pragas do Egito e outros fenômenos
apocalípticos envolviam manifestações de caos no mundo dos animais e dos
insetos (pragas de gafanhotos, rãs, etc.). Na vida real, são as abelhas que
estão dando o alarme. Falei em 2007 aqui nesta coluna (“A debandada das
abelhas”: http://bit.ly/11PVSo9) sobre o
fenômeno da “Desordem do Colapso das Colônias”, que nos últimos seis anos
dizimou cerca de 10 milhões de colmeias. Estudos recentes indicam que o pólen
recolhido por essas abelhas está contaminado por um verdadeiro coquetel de
pesticidas; já foram descobertos 21 agrotóxicos diferentes em uma única
amostra.
Os cientistas dizem que a absorção de fungicidas era
considerada inofensiva para as abelhas, pois eles se dirigem contra a população
de fungos. A gravidade da situação trouxe um elemento de tensão a mais entre a
Rússia e ao EUA. A Rússia questiona o uso de inseticidas chamados
“nicotinóides”, que, afetando a população das abelhas, pode desequilibrar a
cadeia ecológica e comprometer a produção de alimentos do mundo inteiro. Houve
irritação, dias atrás, num encontro entre Vladimir Putin e o Secretário John
Kerry. Dois dos principais nicotinóides (Actara e Cruiser) são fabricados pela
Syngenta, baseada na Suíça, parte de um grupo que inclui outros gigantes como
Monsanto, Bayer, Dow e DuPont e controla quase a totalidade de pesticidas,
plantas e sementes geneticamente modificadas.
Críticas pesadas vêm sendo feitas ao governo Barack Obama
pela promulgação de leis que liberam as grandes empresas para produzir e
comercializar material geneticamente modificado, e pelo fato de que o
presidente colocou pessoas ligadas à Monsanto (como Roger Beachy, Michael
Taylor e outros) em postos-chave do governo. O peso político dessas empresas, e
o modo como seus lobistas estão incrustados em Washington, não permite imaginar
que venham a perder influência no futuro próximo.