Os torcedores do Treze que me desculpem, mas é do Galo mineiro que vou falar hoje. Para muita gente o conceito de torcer por mais de um clube é tão inadmissível quanto o de rezar para mais de um Deus. Se for assim, eu assumo: sou politeísta em matéria de futebol. Tenho vários altarezinhos com bandeiras e camisas de cores diferentes. E presto minhas homenagens a cada um desses santos, principalmente quando um deles faz milagre.
“Milagre” chega perto de descrever a façanha do Atlético-MG
em conquistar a Taça Libertadores das Américas, no final de uma campanha tanto
heróica quanto imprevisível. Faz parte do karma dos grandes clubes que todo
mundo, a começar pela torcida e pela imprensa, lhe cobre a conquista de títulos
importantes. O Atlético tem títulos regionais mas não ganha há cerca de 40 anos
um Campeonato Brasileiro que já foi conquistado por times de menor projeção,
como Coritiba, Guarani de Campinas e Atlético Paranaense. “Bateu na trave”
algumas vezes, principalmente na derrota de 1977 para o truculento São Paulo de
Rubens Minelli, e no ano passado, quando afracou na reta final e deixou o
título, de mão beijada, para o Fluminense.
Depois de uma primeira fase arrasadora, em que “passou no
rodo” todos os adversários, o Atlético sofreu nos jogos decisivos. Nessa fase
final, raramente repetiu as atuações confiantes da primeira metade do torneio.
Parecia haver um milhão de toneladas de concreto pesando nos ombros dos
jogadores. Permitiu gols bobos, perdeu gols incríveis, deu aquelas mancadas que
nos grandes times estão associadas ao apagão mental de quem está chegando
próximo ao limite. Fez gols salvadores nos últimos minutos, quando tudo parecia
perdido; e o goleiro Vítor defendeu pênaltis históricos em momentos cruciais.