Quinze
anos atrás, o escritor de FC David Brin publicou um livro intitulado The
Transparent Society (1998), em que discutia as consequências da rápida
evolução das tecnologias de vigilância eletrônica. O livro desenvolvia um
artigo homônimo de 1996 na revista Wired (http://bit.ly/3bGnct)
e surgia num contexto em que a imprensa debatia com fervor o medo de estarmos
penetrando num mundo totalmente Big Brother, um mundo de vigilância eletrônica
permanente do Estado sobre os cidadãos.
Um mundo em que seria possível ao Estado, à polícia, até mesmo às forças
de segurança de outra nação (vide a recente denúncia de espionagem
norte-americana no Brasil) fiscalizar nossa vida pessoal, ter acesso à nossa
vida financeira, rastrear nossos passos.
Brin
contra-atacava esse medo dizendo: E se o feitiço virar contra o feiticeiro? E
se esses mesmos instrumentos também permitirem ao cidadão vigiar o Estado? E se
essas câmerazinhas não estiverem apenas nas mãos da polícia e dos espiões, mas nas
mãos de cidadãos que poderão registrar as atividades do aparelho repressor do
Estado, ou de quaisquer grupos organizados que os prejudiquem? E se qualquer
cidadão puder ter acesso ao que qualquer câmara da cidade está filmando em cada
momento? E se a prisão de um cidadão na rua estiver sendo observada por pessoas
capazes de testemunhar qualquer arbitrariedade policial, pois o acesso a essas
imagens não é privilégio de ninguém?
As
recentes manifestações de rua no Brasil têm sido cobertas por manifestantes
jovens com minicâmeras transmitindo ao vivo; grupos como Mídia Ninja (“Narrativas
Independentes, Jornalismo e Ação”) e Olho da Rua. Noite e madrugada adentro, da
minha casa, acompanho tudo que acontece acessando http://twitcasting.tv/ninja2rj/. A imagem e o som não são 100%, a conexão cai
de vez em quando... mas, amigos, esta é a fase irmãos-lumière de uma sociedade
transparente como a sugerida por David Brin há 15 anos.