(Antonio Barros & Cecéu)
Estive em Campina para assistir a cerimônia do V Troféu
Gonzagão, que o pessoal chama “o Oscar do forró”. Os homenageados principais deste
ano foram Sivuca (in memoriam), Genival Lacerda e a dupla Antonio Barros &
Cecéu. Houve também a entrega de troféus para o cineasta Breno Silveira
(Gonzaga – de pai pra filho), Chico César, Assis Ângelo, Fred Ozanam e Onaldo
Rocha (autor de Baião em Crônicas). Durante mais de quatro horas, passaram
pelo palco (acompanhados por uma firmíssima banda de apoio, com o maestro
Adelson Viana) cantores como Alcimar Monteiro, Pinto do Acordeon, Fagner, Cezinha,
Flávio José, Biliu de Campina, Josildo Sá, Trio Nordestino, Ton Oliveira,
Capilé, Elba Ramalho... Lamento, a lista completa iria preencher sozinha esta
coluna. O prêmio é uma iniciativa de Ajalmar Maia e Rilávia Cardoso, realização
do Centro de Ortodontia Integrado e FIEP/SESI, com apoio dos governos estadual
e municipal, UEPB, Sandálias Havaianas e Duraplast.
Essa ficha técnica aí em cima é importante para dar uma
medida não apenas do evento em si, mas da força e vitalidade do forró
pé-de-serra, cujo “estado terminal” vive sendo anunciado há muitos anos, tanto
pelo pessimismo de alguns dos seus defensores quanto pelo otimismo de seus inimigos.
Cada vez que o mundo dá uma volta aparecem manchetes dizendo que o forró está
morrendo, mas na volta seguinte o forró aparece de novo, vivinho da silva. Me
lembra a situação do cordel, descrita uma vez por Ariano Suassuna: “Aqui no
Recife tinha um sujeito que dizia o tempo todo que o cordel tinha morrido.
Quando ele morreu, escreveram um cordel em homenagem a ele”.
Não faltam talentos ao forró: milhares de músicos, compositores
e cantores vivem dele. Não lhe faltam história nem tradição. Sua principal
concorrente, a Lambada, se auto-intitula “forró eletrônico” – um duplo
equívoco, pois nem é forró nem explora a fundo os recursos eletrônicos (que,
aliás, qualquer gênero musical usa hoje em dia, com exceção talvez do Canto
Gregoriano). Quais as maiores qualidades desse adversário? A Lambada é uma
música alegre, sensual, boa de dançar? Pois o forró é tudo isso e muito mais.