Nada mais difícil do que implementar um sistema eletivo com
base na opinião de todos. Os ingênuos acham que basta haver eleições para que
haja, automaticamente, “democracia”, entendida aqui como a realização da
vontade livre, espontânea e soberana da maioria do povo. Ledo engano, meus
camaradas. E aqui está a Internet para mostrar os mecanismos que direcionam
qualquer tipo de eleição. (Em tempo: não sou a favor das ditaduras. Apenas
percebo que as eleições são um passo adiante, mas não são a solução do
problema.)
Em 2012, o “rapper” Pitbull fez parte de uma campanha da
rede de lojas Walmart. A loja que tivesse mais votos no “Curtir” do Facebook
ganharia um show dele. Um jornalista de Boston lançou a campanha “Vamos exilar
Pitbull”, pedindo votos para uma loja minúscula nos confins do Alasca. O saite
Something Awful aderiu, e a loja, praticamente no meio do deserto, foi eleita.
Pitbull teve espírito esportivo e foi fazer o show na neve, para algumas
dezenas de gatos pingados. Sua vingança foi convidar publicamente o jornalista
autor da idéia, que pra não dar uma de fraco teve que acompanhá-lo.
Sabotagem parecida (estou consultando o saite Cracker: http://bit.ly/VFgmho) ocorreu quando a cidade
de Austin (Texas) decidiu mudar o nome do seu Departamento de Resíduos Sólidos
(ou seja, do lixo). Pediu-se que a comunidade sugerisse nomes e votasse neles.
O nome vencedor foi “Sociedade Fred Durst de Humanidades e Artes”, numa alusão
ao polêmico vocalista da banda Limp Bizkit. Houve confusão, Durst disse que por
ele tudo bem, mas a votação foi cancelada e o nome escolhido foi “Recuperação
de Recursos de Austin”.
Em 2012, o Mountain Dew (refrigerante da Pepsi) lançou um
concurso semelhante online para batizar uma nova linha de sabor. Houve uma
imediata invasão de gozadores, através do popularíssimo saite 4chan, que
sugeriram o nome “Hitler Não Fez Nada Errado” e despejaram uma cachoeira de
votos online. O concurso foi cancelado.