Um dos blogs literários que costumo ler é o ótimo The
Elegant Variation, de um californiano chamado Mark Sarvas. Dicas interessantes, ótimas entrevistas, mil
idéias sobre literatura. Numa postagem
recente, ele explica que como jurado de um concurso para “Romancista Estreante”
teve que ler uma grande quantidade de romances de estréia de jovens autores. Anotou alguns dos defeitos mais frequentes,
que vêm abaixo.
1) Tentar incluir coisas demais. O autor quer, no seu
primeiro livro, abordar e resolver todos os problemas e fenômenos sociais do
mundo. Conselho: Tudo bem em ser ambicioso, mas não queira ser um Atlas logo na
primeira tentativa. 2) Não incluir muitas coisas. Estamos vivendo a apoteose da
microliteratura, focalizada em detalhes mínimos e quase sem eventos a relatar.
Tem gente demais estreando com romances-de-uma-idéia-só. 3) Achar que basta uma
voz narrativa excêntrica para segurar o leitor de um romance. Vozes assim são
bem vindas, mas muitas vezes toda a energia do autor é gasta em tentar manter
essa voz, esquecendo de produzir outras coisas interessantes (ou então
confiando que a voz irá distrair o leitor dessas ausências).
4) São muito coloquiais. Livros que a todo instante fazem
referências a minúcias do cotidiano, coisas que muito em breve ficarão datadas.
Um romance não é um bate-papo de mesa de bar. 5) São formais em excesso. O
defeito oposto: muitos livros parecem ter sido escritos em outra época, de tão
cintura-dura, formais, anacrônicos. Ou, o que é pior, parecem estar obedecendo
religiosamente, item por item, algum Manual de Como Escrever Romances. 6)
Começam com força total mas vão definhando ao longo do trajeto. São como
maratonistas que disparam na frente, ébrios de triunfo, apenas para serem
ultrapassados, perto do fim da prova, por competidores que souberam dosar
melhor suas energias. Muitos livros desabam de vez no final, ou então vão se
desorientando e se perdendo como se o autor não soubesse mais o que fazer com
sua história.