(Christian Ward)
Acusações de plágio na poesia são tão frequentes quanto,
muitas vezes, equivocadas. Eu sempre tive o costume de fazer, em meus versos,
alusões, citações, referências a versos alheios. Não aconselho a ninguém. Isso
é cacoete, vício de quem leu demais os mesmos versos e só por isto começou a se
sentir meio proprietário deles. Todo poeta principiante imita, cita, tenta
reproduzir os efeitos que viu nos seus ídolos. É normal. O que não é normal é
publicar esses exercícios como se fossem obra original. O “poema referencial” tem que ter
“originalidade extra”, algo que vai além da cópia ou da homenagem. Somente
assim a publicação se justifica.
Há um caso de plágio recente na Inglaterra envolvendo o
poeta Christian Ward, que teria plagiado um poema alheio. No meio da discussão
Ward pediu desculpas pela imprensa e confessou que ter se apropriado de um
poema de Tim Dooley, poeta e professor de literatura. Copiei o poema de Ward, “The
Neighbour” e o de Dooley, “After Neruda”, para compará-los.
Amigos, os poemas são iguaizinhos, embora aqui e ali Ward
tenha feito pequenas mudanças. Mas
eis a primeira estrofe do poema original, de Dooley (http://bit.ly/Uk5na5): “Sometimes he’s tired of
being a man. / The reflection he sees, in shopwindows / or the cinema screen,
takes on a sad / substance, tired and withered: ash-stains / on a shiny piece
of suit cloth.” E eis a primeira
estrofe do plágio, de Ward (http://bit.ly/SydZg0):
“He often tells me he’s tired of being a man. / The reflection he sees in shop
windows / or the cinema screen takes on a sad / substance, tired and withered:
ash-stains / on a shiny piece of suit cloth.”
Não traduzo porque o espaço não dá, mas ninguém precisa saber
inglês para ver que são praticamente idênticas, até as quebras de linha são as
mesmas. Pra mim é claro que Christian
Ward leu o poema de Dooley, gostou e resolveu publicá-lo sob seu próprio nome,
para ser elogiado.