Seguindo uma dica de Gerdal José
de Paula, incansável pesquisador da MPB, relembrei as canções de Luiz Wanderley
(1931-1993), um dos forrozeiros que fizeram sucesso na minha infância e
adolescência, e depois foram esquecidos (inclusive por mim). Wanderley era
alagoano, e quem não ligou o nome à pessoa deve lembrar de um dos maiores
sucessos dele, principalmente na voz de Tim Maia: “Coroné Antonio Bento” (com
João do Vale). O link fornecid0 por Gerdal (http://bit.ly/XBLGhF)
é da gravação original da música, em que a noiva se chama Mariá (e não
Juliana), e há mais uma estrofe, que Tim Maia não cantou: “Meia-noite o Bené se
enfezou/e tocou um tal de rock and roll /os matutos caíram no salão/não
quiseram mais xote nem baião/e que briga se falasse em xaxado/foi aí que
eu vi que no sertão/também tem uns matutos transviados."
LW fazia parte da linha litorânea
e coquista da música nordestina; era mais Jackson do que Gonzagão. Suas
cantigas têm ritmo seguro e marcado, versos de embolada, breques bem quebrados,
melodia ágil e variada que sua voz segura e melódica valoriza. “Saudade de Leopoldina”, “Ai que vontade de
comer goiaba”, “Bode cheiroso”, “Coco do Gogó da Ema”, “Baiano burro nasce
morto” (“O pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto / baiano burro garanto
que nasce morto”. Esta última canção serviu de modelo para “Mineiro sabido”
(1960); este clip de chanchada dá uma idéia do jeito mungangueiro de Wanderley
(http://bit.ly/UEOrs7).
Os anos 1960 viram a pororoca
gigantesca entre o baião, que predominava em nossas rádios, e a invasão do rock
norte-americano. Uma canção como “Rock do Sedaka” (que atribui a invenção do
rock a Neil Sedaka!) é uma sátira divertida dessa época (como já era “Coroné
Antonio Bento”), inclusive com piadas para “Elvis Prego” (http://bit.ly/W5EkOj). Veja-se também
“Carolina”, talvez uma resposta brasileira ao “Corrina, Corrina” que Ray Peterson
tornou famosa em 1960 (http://bit.ly/QEcU55).