E mais uma vez a medalha de ouro olímpica passou quicando
entre as pernas dos nossos craques do futebol e caiu no ralo do esgoto. Esta, aliás, é uma metáfora de muito mau
gosto, e muito mal educada. Na verdade, a medalha de ouro foi para um destino
muito melhor: como acontece com as medalhas de ouro, foi para quem soube
merecê-la e lutar por ela. O Brasil,
mais uma vez não soube. A derrota para o México no jogo final surpreendeu muita
gente, menos eu. Nunca botei fé nessa seleção, a mais fraca que vi nas Olimpíadas
mais recentes. Vi quatro dos jogos anteriores à decisão, e em momento algum
senti firmeza. Um time que tem que se desdobrar para ganhar de 3x2 de uma
Honduras com dez jogadores? Fala sério. Esse jogo tinha sido um alerta, mas o
injusto e desproporcional 3x0 na Coréia deve ter tranquilizado a Comissão
Técnica, a CBF e a imprensa ôba-ôba. Eu mesmo não.
Nosso time tem três jogadores de Seleção: Thiago Silva,
Marcelo e Neymar. (Todos têm defeitos, mas paciência, estamos em entressafra.)
Tem quatro promessas: Leandro Damião, Oscar, Lucas e Paulo Henrique Ganso (a
dúvida quanto a este é mais pela fragilidade física atual.) Um jogador badalado como Alexandre Pato
nunca me convenceu. Hulk é uma
promessa, mas vi-o jogar poucas vezes, e como é meu conterrâneo tenho a
tendência de valorizar tudo que faz, sou suspeito. Mas as apresentações
coletivas do time foram sempre atabalhoadas, misturando estrelismo, imaturidade
emocional, e em muitos momentos uma deficiência técnica assustadora. Não
gostei. Medalha pro México, que soube jogar e mereceu ganhar. Para nossos
meninos, prata está até sobrando.
Os times de vôlei ganharam todo tipo de medalhas, e mesmo
quando a gente fica chorando resultados específicos (como as decisões em que
estávamos com o jogo na mão e deixamos virar), paciência, o jogo é assim, e
quando somos nós que viramos achamos tudo muito normal. O vôlei olímpico está
sempre nivelado pelo alto em meia dúzia de equipes, e é apenas a nossa carência
afetiva que nos faz pensar que temos a obrigação de ser sempre os
melhores. Nos últimos vinte anos,
estamos no lucro, e não temos o que reclamar dos atletas.