Na semana passada, César Dias, um rapaz que estava de
moto com um amigo, foi morto em São Paulo pela polícia, a qual alegou
“resistência seguida de morte” (http://bit.ly/Orxh2h).
O pai do rapaz, um eletricista, não se conformou e foi à cena do crime, onde observou uma série de inconsistências no que os policiais afirmaram. Disse ele:
O pai do rapaz, um eletricista, não se conformou e foi à cena do crime, onde observou uma série de inconsistências no que os policiais afirmaram. Disse ele:
“Confio no César. Tinha o coração bom, nunca gostou de
violência. Saí do hospital indignado e fui para a cena do crime, analisando
tudo. Como eu trabalhava com informática, tenho a mente muito analítica. Vi
erros grotescos logo de cara.
“Segundo os PMs, meu filho empreendeu fuga. Estranho: se
ele estivesse fugindo, numa CB 300, você acha que a viatura o alcançaria?
Segundo: de acordo com a PM, meu filho estava fugindo com o garupa atirando na viatura. A viatura estaria atrás e a moto na frente. Por que meu filho está com dois tiros no peito, um na lateral do tórax, um na virilha e outro na perna esquerda? E por que o Ricardo estava com três tiros na perna pela lateral e não por trás?
Terceiro erro: se eles fugiam, estavam velozes ao perder o controle quando caíram da moto. Me mostra um arranhão nessa moto. Ela está intacta.
Quarto: se meu filho estava fugindo, para ele perder o controle, tem de ter marca da frenagem da moto e da polícia. Não tem.
Quinto: Se os meninos tivessem caído com a moto, eles estariam machucados. Os meninos não tinham hematomas.
Sexto: os meninos foram supostamente socorridos na hora. Não foram. Pela quantidade de sangue, eles ficaram muito tempo no chão.
Sétimo: se ele estivesse fugindo, as marcas de tiros na moto seriam em paralelo ou diagonal. Foram transversais. O PM começou a analisar a cena. Olhou para mim e falou: ‘Os policiais fizeram m...’.”
Segundo: de acordo com a PM, meu filho estava fugindo com o garupa atirando na viatura. A viatura estaria atrás e a moto na frente. Por que meu filho está com dois tiros no peito, um na lateral do tórax, um na virilha e outro na perna esquerda? E por que o Ricardo estava com três tiros na perna pela lateral e não por trás?
Terceiro erro: se eles fugiam, estavam velozes ao perder o controle quando caíram da moto. Me mostra um arranhão nessa moto. Ela está intacta.
Quarto: se meu filho estava fugindo, para ele perder o controle, tem de ter marca da frenagem da moto e da polícia. Não tem.
Quinto: Se os meninos tivessem caído com a moto, eles estariam machucados. Os meninos não tinham hematomas.
Sexto: os meninos foram supostamente socorridos na hora. Não foram. Pela quantidade de sangue, eles ficaram muito tempo no chão.
Sétimo: se ele estivesse fugindo, as marcas de tiros na moto seriam em paralelo ou diagonal. Foram transversais. O PM começou a analisar a cena. Olhou para mim e falou: ‘Os policiais fizeram m...’.”
Para muita gente, um detetive é um membro da força policial que investiga crimes e identifica os seus autores. No presente caso, contudo, o único detetive foi o pai do rapaz.
Um detetive é alguém que, como um cientista, observa fatos, interpreta detalhes que outras pessoas não perceberam, e extrai uma explicação, uma teoria sobre o que aconteceu.
Um médico faz a mesma coisa observando pacientes e seus sintomas; um mecânico de oficina idem, mexendo num motor com defeito.
Um detetive não é necessariamente um funcionário do aparato policial do Estado (os detetives particulares surgiram na literatura para reforçar esse fato). Um detetive é alguém capaz de reconstituir fatos que não presenciou, a partir de indícios indiretos, de “ver as coisas com seus próprios olhos”, como dizia o Dick Peter de Jeronymo Monteiro.