Esta é uma das funções das redes
sociais, por exemplo: digitalizar nossa vidinha, nossas preferências, opiniões,
venetas, linguagens emotivas. Hoje somos seres biológicos que postam no Twitter
coisas como: “Aí, galera, estou comendo uma pizza de calabresa... Quem
vai?!”. Amanhã, seremos softwares
postando a mesma coisa; o fato de inexistirem pizzas físicas será irrelevante,
porque os outros softwares responderão: “U-hu! Tô tomando um vinho, e desejo
bom apetite!”. Para os nossos trinetos
de silício, o mundo será apenas linguagem e eles não sentirão falta das nossos
cinco sentidos. Serão uma ficção e viverão num mundo de ficção, sem referencial
físico nenhum, mas como serão ficção não conhecerão nenhum outro mundo além do seu,
e serão felizes – ou infelizes, dependendo de para onde suas ficções os
levarem.
Nesse futuro, filmes como Prometheus de Ridley Scott, The Thing de John Carpenter e outros filmes de
terror repugnante cumprirão um papel importantíssimo. Eles são o pesadelo da carne. A lembrança da existência de
criaturas feitas de uma matéria orgânica pulsante, quente, coberta de epiderme,
mucosa e pelos. Criaturas que não se
comunicam, apenas atacam, devoram e digerem outras criaturas igualmente
repugnantes. Os monstros de Ridley Scott
nos provocam engulhos de nojo diante daquela sua biologia moluscóide,
surreal, cheia de ventosas, esfíncteres e baba pegajosa.