Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
2698) Bete Calamidade (27.10.2011)
Cap. 1 – De como Bete Calamidade entrou na Maternidade Santa Edvirges arrastando o cordão umbilical, para alvoroço das enfermeiras e incredulidade geral da população de Riachãozinho (PB).
Cap. 2 – De como, dada a grande cobertura da imprensa, cerca de dez mulheres apresentaram-se como mães arrependidas de terem abandonado a recém-nascida num monturo atrás da estação, mas um breve exame médico provou a falsidade ideológica de todas.
Cap. 3 – De como Bete Calamidade foi adotada pela família do Dr. Bianor Cavalcanti, que lhe deu o nome de Elizabeth em honra da Rainha da Inglaterra, e com a esperança de que isto motivasse a menina a, no mínimo, arranjar um casamento decente.
Cap. 4 – De como o apelido “Bete Calamidade” surgiu gradualmente, ao longo de sua adolescência, da mesma maneira cumulativa com que surgem os monturos.
Cap. 5 – De como Bete Calamidade teve que fugir de Riachãozinho após uma confusa madrugada etílica e um acidente envolvendo o carro do sobrinho de Dr. Bianor, a moto de Ronny Boy (filho de um rico proprietário rural da região), um caminhão-baú que nada tinha com a história e estava apenas cruzando o município, e um posto de gasolina que se postou imprudentemente na trajetória conjunta e desgovernada daqueles três veículos.
Cap. 6 – De como Bete reapareceu como por encanto em São Paulo, no bairro de Vila Madalena, torcendo o tornozelo numa calçada e esbravejando ali a madrugada inteira, o que a impediu de ser socorrida por quem quer que fosse.
Cap. 7 – De como Bete e o segurança de um “lounge” acertaram os ponteiros e viveram juntos por seis meses, num regime de tapas e beijos.
Cap. 8 – De como um incêndio no prédio e um rocambolesco resgate de helicóptero na cobertura reconduziram Bete Calamidade às manchetes, apenas 18 anos depois de nascida.
Cap. 9 – De como Bete entrou para um mosteiro zen chorando a morte do segurança (“pelo menos a cremação veio incluída”, suspirou ela) e convenceu o Dalai-Lama local a dar um golpe no caixa e fugir com ela para Trancoso.
Cap. 10 – De como um tsunami submergiu Trancoso assim que o casal chegou, e os dois se salvaram por causa das aulas de levitação que o monge há anos tentava ministrar via Lei Rouanet e ninguém aprovava por motivos óbvios.
Cap. 11 – De como Bete Calamidade e o monge fugiram a pé pela BR até que agentes da CIA, que vinham monitorando tudo (eles monitoram tudo) sequestraram Bete Calamidade, puseram-na numa cápsula da NASA semelhante à da cachorra Laika e a mandaram para o espaço, explicando à imprensa que era para o bem da humanidade, porque (comentaram, no equivalente em inglês) “eita mulezinha carregada da bobônica!”.