Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB), desde o 0001 (23 de março de 2003) até o 4098 (10 de abril de 2016). Do 4099 em diante, os textos estão sendo publicados apenas neste blog, devido ao fim da publicação do jornal impresso.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
2684) Dicionário Aldebarã II (11.10.2011)
A civilização humanóide de Aldebarã-5 possui uma complexa civilização influenciada pelos colonizadores terrestres. Seu vocabulário exprime a natureza de seu planeta, e o seu modo de observar os fenômenos da psicologia e da cultura. Confiram os verbetes abaixo, recolhidos, meio ao acaso, do Pequeno Dicionário Interplanetário de Bolso.
“Wullygag”: a sensação de irrealidade que se tem no instante em que se recebe uma má notícia longamente prevista.
“Pergonix”: óculos especiais que permitem ver tudo como se fosse um antigo filme em preto-e-branco.
“Andiblons”: fruta local cuja característica é não ter qualquer aspecto fixo (forma, cor, tamanho), mas apenas o mesmo sabor.
“Hepernim”: abrigos contra o sol e a chuva, feitos de material heterogêneo (folhas, palha, vime, madeira, etc.), onde cada pessoa que se abriga tem que contribuir com mais um pedaço para a estrutura.
“Yand-nul”: a percepção instintiva do que existe dentro de um embrulho apenas olhando-o pelo lado de fora.
“Lundoos”: pequenos ídolos esculpidos que se acredita trazerem boa sorte, e que servem para escorar as portas, evitando que batam com o vento.
“Reschaft”: a silhueta de uma cidade vista ao longe por quem vem pela estrada, e que tem um formato diferente a depender do ponto cardeal por onde se chega.
“Empizyum”: a lembrança involuntária de um fato ou de uma pessoa, provocada pelo fato de ouvirmos, sem perceber, uma música que os evoca.
“Thufarli”: alguma coisa que, depois de passar muito tempo sem acontecer, começa em certo momento a acontecer várias vezes, em rápida sucessão.
“Ilkonno”: o terceiro braço (cibernético) que o Estado fornece a toda mãe de Aldebarã, para usar durante os primeiros dois anos de vida de cada filho.
“Amburenes”: cortinas feitas com padrões de fibras plásticas coloridas, que mudam de desenho ao longo do dia, conforme as frequências de onda e a intensidade da luz do sol.
“Gronem”: o involuntário grunhido de desagrado que os aldebarãs produzem, baixinho, sempre que lhes vem à lembrança um episódio incômodo que viveram.
“Woltell”: a imagem de uma coisa em nossa memória (um quadro na parede, p. ex.) que faz com que continuemos a vê-la mesmo depois de ela ter sido retirada dali, até que alguém nos chama a atenção para este fato.
“Anspurdys”: ao pé da letra, “ilhotas”, mas se refere a pequenos atos cotidianos, banais, que sempre se repetem da mesma maneira, não importa o quanto as circunstâncias exteriores da nossa vida tenham mudado para melhor ou para pior.
“Olgzum”: colar utilitário onde os aldebarãs penduram pequenos objetos de uso diário, documentos, remédios que precisam tomar, relógio, etc.