(foto: Richard Drew / Associated Press)
Quando aconteceu o atentado às Torres Gêmeas, eu fiquei pregado à TV durante um dia inteiro, porque justamente na véspera um pequeno problema de hardware me deixara sem acesso à Internet. (Fiquei irritado porque 11 de setembro era a data marcada para o lançamento do álbum Love and Theft de Bob Dylan, e eu queria ver os clips de lançamento.)
Na época eu fazia freelancer
para a Editora Guanabara, que estava para lançar um Atlas Histórico ligado à
Enciclopédia Delta; e minha editora Liana Pérola Schipper me encomendou uma
matéria longa, especial, sobre o assunto. Nos dias seguintes, resolvido o
problema de conexão, eu praticamente não fiz outra coisa senão ler e capturar
textos e imagens a respeito da catástrofe do WTC.
(Digressão: acho que isto é
uma resposta neurótica comum, em mim pelo menos, diante de um fato esmagador e
terrível. O processo de juntar e organizar informações sobre o fato de certa
forma nos protege do perigo de pensar sobre ele. É uma fase intensa mas
passageira.)
Quando o indivíduo é leitor
de romance policial e de ficção científica, não há como não ser um cultor, em
certa medida, das Teorias da Conspiração.
A literatura policial nos
ensina que não há um limite visível para a cobiça humana por dinheiro, nem para
as maldades que seres humanos são capazes de fazer para ter mais Poder. A
ficção científica expande esse conceito para o Universo como um todo.
Li na época uma entrevista
com um dirigente da CIA em que, depois de explicar mais ou menos (ainda se
estava em plena investigação) como os terroristas tinham sido treinados para
usar os aviões e tudo o mais, ele disse:
“O que me deixa mais acabrunhado é pensar que nós (a CIA) não teríamos ousado pensar num plano como este, e, se pensássemos, não teríamos acreditado que era possível.”
Modéstia do rapaz. Eu
atribuo à CIA (e se não foi a CIA foi alguma outra agência da “sopa de
letrinhas” de que falava John Michael Hayes, o roteirista de Intriga Internacional) um plano ainda
mais mirabolante do que o de meia dúzia de jihadistas sequestrando o cockpit de
três ou quatro aviões. (Digo 3 ou 4
porque até hoje não vi o famigerado “avião” que teria sido jogado no
Pentágono.)
Este link (http://www.europhysicsnews.org/articles/epn/pdf/2016/04/epn2016474p21.pdf)
conduz a uma matéria do saite Europhysics News sobre o atentado, intitulada: “15
Years Later: On The Physics Of High-Rise Buildings Collapses”, de Steven Jones,
Robert Korol, Anthony Szamboti e Ted Walter.
O cerne da questão é: como
se explica que as duas Torres, que tinham estrutura de metal, tenham
desmoronado daquela forma, se todos os testes provam que a temperatura daquele
fogo seria insuficiente para fazer ceder o metal? E mais ainda: como se explica
que o WC7, o terceiro prédio a desmoronar naquele dia, tenha aluído
praticamente todo ao mesmo tempo, horas depois do choque dos aviões?
Já escrevi a respeito, aqui:
Em matéria de história mal
contada, o World Trade Center nunca vai deixar de assombrar nossas noites mal
dormidas. Mal contada – não por escassez de explicações, mas pelo excesso. A
melhor maneira de esconder uma informação não é proibindo que seja divulgada, é
disfarçando-a no meio de uma selva de informações irrelevantes e parecidas.
(Aprendi isto com Agatha Christie.)
Poucos acontecimentos do
novo século podem se comparar ao impacto da queda das Torres. Mesmo a Guerra do
Iraque e a do Afeganistão, que se seguiram, foram guerras convencionais, iguais
a qualquer outra guerra. O atentado do
11 de setembro teve acima de tudo o impacto do ineditismo, do nunca-acontecido,
do fato que estourou-a-costura da nossa imaginação.
Talvez um dia seja
confirmado que a queda das Torres não se deveu à ação de terroristas islâmicos,
e foi na verdade uma gigantesca queima-de-arquivo de empresas privadas e do
Governo que estavam metidas em enrascadas mil, além de uma excelente
oportunidade de sofrer um ataque estrangeiro que obriga a um revide imediato,
como em Pearl Harbor.
Há muitas teorias de que na
II Guerra os EUA precisavam de um pretexto para entrar numa guerra que a população
via com distanciamento, e adotaram uma atitude passiva-agressiva, pedindo ao
Japão: “Me dê motivo”. Os japoneses, em
sua euforia expansionista, caíram na armadilha e bombardearam o porto.
Se confirmarem um dia que os
próprios EUA derrubaram as Torres, este fato será tão relevante e tão
impactante quanto a queda das Torres, quinze anos atrás.
E será uma revelação crucial
sobre a natureza de nossa civilização: uma civilização em que qualquer história
gigantescamente absurda pode ser impingida como verdade à população, durante
uma quantidade de tempo finita (mas suficiente para os objetivos estratégicos
imediatos).